O município de Murça vai dispor de 2,5 milhões de euros para mitigação dos danos do grande incêndio que, em julho, queimou cerca de 7.000 hectares em três concelhos, disse hoje o presidente da Câmara.

Mário Artur Lopes falava aos jornalistas, em Murça, após a cerimónia de assinatura de contratos-programa entre o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e municípios de Norte a Sul do país, numa verba global de 6,9 milhões de euros.

No âmbito deste programa, financiado a 100% pelo Fundo Ambiental, vai ser atribuída uma verba de cerca de 550 mil euros ao município de Murça.

A este programa juntam-se outros para ações de estabilização de emergência, protocolado com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), ou apoios para infraestruturas e equipamentos municipais.

“Neste momento já nos foram disponibilizados, grosso modo, 2,5 milhões de euros. Ainda é pouco para aquilo que nós desejamos que chegue para cumprir esta missão de mitigar os danos dos fogos florestais. Isto no imediato, depois há um conjunto de medidas que terão que ter impacto a médio e longo prazo que nós temos expectativa muito positiva que possam chegar apoios que se justificam”, salientou o autarca.

Mário Artur Lopes disse ainda que o “principal objetivo” é evitar que estes incêndios voltem a repetir-se.

“Se tudo continuar na mesma, a preocupação é enorme e ninguém está preparado para voltar a passar o que passámos”, afirmou.

O município do distrito de Vila Real foi atingido por um incêndio que se prolongou de 17 a 21 de julho, alastrou para os concelhos vizinhos de Vila Pouca de Aguiar e Valpaços e queimou cerca de 7.000 hectares principalmente de mato, mas também pinhal, carvalhos e castanheiros.

Neste fogo foram afetadas 23 aldeias, 14 só no concelho de Murça, e um casal, com 69 e 72 anos, morreu, quando estava a sair da aldeia de Penabeice e o carro onde seguia caiu numa ravina.

O casal foi encontrado já morto numa área queimada pelo incêndio.

A prioridade, segundo o autarca, é a intervenção junto às linhas de água e rede viária, o corte das árvores queimadas e a realizações de ações de estabilização de emergência para evitar derrocadas e escorrimentos superficiais.

Depois, apontou, a fase a seguir é a replantação.

“E aí também tem que haver uma nova forma de abordagem, porque não podemos continuar a plantar aquilo que não é adequado e não é apropriado. E também muita descontinuidade que terá que passar pelo trabalho, essencialmente da agricultura e da pastorícia”, referiu

O autarca destacou ainda uma preocupação que está relacionada com a falta de empresas para a realização dos trabalhos que serão necessários ao longo deste ano e disse que, se um concurso ficar deserto, “é um problema que fica nas mãos” da autarquia.

“Há uma complexidade nos trabalhos, principalmente nas zonas ribeirinhas e toda a reposição ripícola junto às linhas de água, que eu pessoalmente acho que são de uma criatividade bastante complexa e temos essa preocupação”, salientou.



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