O Museu do Abade de Baçal, em Bragança, escolheu Nadir Afonso e um coletivo de artistas locais para relançar o programa de exposições temporárias interrompido pelas contingências da pandemia de covid-19, revelou hoje o diretor, Amândio Felício.
O museu apresenta, a partir de sábado, duas novas exposições temporárias: “Horizontes”, do pintor Nadir Afonso (1920-2013), e “Invasões”, de um coletivo de artistas de Bragança composto por Ana Pascoal, António Santos, Carlos Costa, Duarte Saraiva, Jacinta Costa, João Ferreira, José Luís Benites, Miguel Moreira e Silva, Octávio Marrão e Ofélia Marrão.
A exposição de Nadir Afonso é inaugurada com mais de um ano de atraso, porque estava prevista para assinalar o centenário do nascimento do artista, mas foi adiada pelas restrições da pandemia, como explicou à Lusa o diretor do museu.
Segundo Amândio Felício, trata-se de “um projeto conjunto com a Fundação Nadir Afonso, herdeira do espólio artístico do pintor”, e a exposição é composta por “um conjunto de telas de grande dimensão dedicadas em boa medida a vistas de cidade”.
Nela pode ser apreciado “um conjunto de guaches já do período final” da vida de Nadir Afonso, obras praticamente todas já do século XXI, e “também um conjunto de pequenos estudos, mais representativos da década de 1960”, daquele que foi chamado “o período egípcio de Nadir Afonso”.
“Aquilo que nós queremos com esta exposição é homenagear o artista e ter esta oportunidade de assinalar, ainda que com um ano e pouco de atraso, o centenário de um dos artistas mais importantes da arte contemporânea portuguesa”, salientou Amândio Felício.
A mostra abre ao público em simultâneo, no sábado à tarde, com a exposição do coletivo de artistas de Bragança, constituído em 2019, que surge a partir de um desafio lançado pelo museu para que “fizessem uma articulação, um diálogo com aquilo que é a exposição permanente e a coleção do Museu Abade de Baçal”.
“Aquilo de que essa exposição se compõe é de um conjunto de obras que, ao longo de todo o percurso do museu, estabelecem um diálogo com estes objetos que pertencem à coleção do museu, e procuram essa capacidade de, a partir de uma intervenção artística contemporânea colocar em destaque e dialogar com estes espaços e obras”, explicou o diretor.
Os trabalhos feitos por este conjunto de artistas estabelecidos em Bragança apresentam várias linguagens e materiais, desde a pintura a instalações artísticas, e o diretor da instituição pretende que esta seja também uma forma de colocar “estes agentes culturais contemporâneos como elementos centrais na vida do museu”.
Com estas duas exposições, o diretor do Museu do Abade de Baçal pretende “relançar esta possibilidade voltar a ter o programa de exposições temporárias do Abade de Baçal a arrancar de uma forma regular novamente a partir agora do 2022”, com a garantia de que “visitar os museus é uma atividade segura”.
Os últimos dois anos têm sido “um período muitíssimo atípico relativamente àquilo que eram os consumos culturais e especificamente aquilo que era a procura de espaços como o museu do Abade de Baçal”, como salientou.
De acordo com o diretor, em 2020 e 2021, “os períodos de verão foram muito fortes com números que se aproximam e, em alguns casos, até excedem aquilo que eram os valores estatísticos de anos anteriores à pandemia”.
“Mas a procura fora do período de verão, os números de visitas baixaram de forma muito significativa e nós esperamos que a apresentação destas exposições possa também ser uma forma de voltar a chamar algum do público que acaba por estar um pouco mais afastado do museu “, declarou.
A exposição de Nadir Afonso pode ser visitada até ao final de março no museu situado na zona histórica de Bragança, e a do coletivo de artistas permanecerá até ao final de abril.
Por ocasião da abertura, ambas as exposições têm visitas guiadas, a primeira pela curadora, Laura Afonso, também presidente da Fundação Nadir Afonso, e segunda com os vários artistas que integram o coletivo.
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