O Museu do Abade de Baçal, em Bragança, vai levar à Galiza, em Espanha, um conjunto de obras de Almada Negreiros que fazem parte do património deste espaço cultural transmontano.
Esta será uma forma de dar a conhecer este património além-fronteiras, no âmbito de uma colaboração com o Museo Etnolóxico de Ribadavia, cidade galega onde o Museu do Abade de Baçal apresenta, a partir de quinta-feira até 06 de março, a exposição “Fábulas, de Almada Negreiros".
A iniciativa insere-se no projeto Nortear, de intercâmbio cultural entre o Norte de Portugal e a região espanhola da Galiza, resultado de uma parceria entre a Direção Regional de Cultura do Norte, a Xunta de Galicia e o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza – Norte de Portugal.
O museu de Bragança foi criado em 1915 e recebeu o nome do fundador, o Abade de Baçal, figura de destaque na cultura transmontana pela recolha arqueológica e etnográfica que fez no Nordeste Transmontano e que constitui o núcleo principal.
Esta é a vertente mais conhecida deste espaço, que faz parte da rede nacional de museus, mas que tem outras coleções de várias áreas e artistas portugueses, como contou à Lusa o diretor, Amândio Felício.
“Uma grande maioria das pessoas que nos visita acaba por sair surpreendida”, enfatizou, concretizando que, entre a variedade de coleções, se encontram os 49 desenhos de Almada Negreiros que vão ser mostrados na Galiza, nos próximos meses.
Trata-se, segundo o diretor, de um conjunto de originais a tinta da china realizados, em 1936, por Almada Negreiros para ilustrar uma obra do escritor Joaquim Manso, concretamente o livro “Fábulas”.
A estes 49 desenhos juntam-se mais cinco, que ilustraram outro livro, “O Pórtico e a Nave”, do mesmo escritor, e que, no todo, constituem a exposição “Fábulas, de Almada Negreiros", para ver no Museo Etnolóxico de Ribadavia.
Para o diretor do Abade de Baçal, esta exposição em Espanha “é importante pela possibilidade de dar a conhecer a coleção do museu e de a apresentar fora de Portugal, além de divulgar um dos expoentes máximos da cultura do século XX”, que é Almada Negreiros.
Este intercâmbio ibérico irá permitir ainda, como contou à Lusa, que, em 2022, no próximo ano, seja apresentada uma publicação específica desta coleção.
As obras de Almada Negreiros fazem parte da variada coleção do Museu do Abade de Baçal que, na área da pintura, tem outros nomes dos séculos XIX e XX, como Joaquim Lopes, José Malhoa, Aurélia de Sousa, Abel Salazar e Sarah Affonso, a esposa de Almada Negreiros.
O diretor Amândio Felício salientou que a coleção do museu “é bastante eclética” e vai do núcleo fundamental dedicado à etnografia a coleções na área da arqueologia, um núcleo de arte sacra, mobiliário ou numismática.