A sociedade responsável pela gestão do "Chaves Polis" vai ser instalada no edifício da antiga cadeia, na rua Bispo Idácio. Ou seja, no local - recentemente recuperado - onde estava prevista a instalação de um museu de arte sacra. Esta tinha sido uma decisão do anterior executivo, liderado pelo socialista Altamiro Claro, e tinha também merecido a aprovação dos vereadores so- ciais-democratas, agora no poder.
No entanto, agora, o actual presidente da Câmara, João Baptista, resolveu instalar, "provisoriamente", naquele local a sociedade que vai ficar responsável pela execução do projecto Polis. O autarca justifica a sua decisão com o facto do acervo em causa ainda "não estar preparado" para ocupar o espaço. E, entretanto, compromete-se a recuperar o edifício junto à Igreja Matriz, antiga residência paroquial, onde poderão ser guardados os objectos de arte sacra que posteriormente irão fazer parte do museu. Além disso, "em 2006 a sociedade Polis extingue-se e o edifício já fica para essa finalidade [museu de arte sacra] ", revelou o autarca.
João Baptista garante inclusivamente que já explicou a sua decisão ao Padre Hélder, responsável pelas eucaristias na Igreja Matriz e ao Bispo de Vila Real, que esteve em Chaves na passada segunda-feira a propósito o arranque do projecto Polis.
"Sacrifício
injustificado"
Quem não ficou satisfeito com o adiamento da criação do museu foram os vereadores socialistas. Na última reunião de Câmara votaram contra a decisão do executivo social-democrata, considerando que o "sacrifício" do museu é "injustificado". E que "fica comprometida por largos anos a instalação desta importante infra-estrutura cultural que permitiria musealizar, tratar, preservar e expor o espólio riquíssimo de arte sacra da região de Chaves", acrescentaram. Para os vereadores do PS, desta forma, está-se também "a perder uma oportunidade de criação de mais um importante motivo de atracção turística".
Os socialistas entendem que a sociedade gestora do Chaves Polis deveria ser colocada em instalações arrendadas, "obrigatoriamente" localizadas no centro da cidade, "criando assim novas centralidades e novos motivos de atractividade" sem que, para isso, fosse necessário "onerar" o município, uma vez que "os custos seriam suportados pela dita sociedade" e, ao mesmo tempo, sem que fosse preciso "assassinar" o museu.
A alteração do destino da antiga cadeia não é a primeira vez que acontece. Em Março do ano passado, quando se iniciaram as obras de remodelação do edifício, a autarquia pensava transformá-lo num auditório municipal. No entanto, quando começaram as escavações arqueológicas, obrigatórias por se tratar de uma área do centro histórico, os socialistas tiveram que repensar a sua utilização. Tudo porque entenderam que seria importante dar "visibilidade" aos achados ali descobertos: uma grande quantidade de vestígios de cerâmica de mesa de civilizações romanas, e ainda a base de um forno e partes de muros de construção da mesma época histórica. Sendo assim, o executivo camarário decidiu que a antiga cadeia se deveria transformar numa sala de exposições. A decisão de instalar ali um museu de arte sacra só surgiu algum tempo depois. Agora essa intenção terá, pelo menos, de esperar pela extinção da sociedade Polis, prevista para Junho de 2006.