O mau tempo provocou prejuízos avultados no Museu da Vila Velha, em Vila Real, cuja cobertura foi arrancada pelo vento, sofreu inundações e estragos em obras de arte, obrigando ao seu encerramento por tempo indeterminado.
O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, fez hoje, em conferência de imprensa, um balanço das consequências da passagem das depressões Elsa e Fabien pelo concelho, onde provocaram 233 ocorrências, entre quarta-feira e domingo, com destaque para as quedas de árvores e estragos em equipamentos municipais.
“É com profunda tristeza que vos informo de que durante a tempestade a cobertura do Museu da Vila Velha foi arrancada pelo vento, o que provocou uma enorme inundação neste equipamento cultural. Nesta altura, ainda não nos é possível adiantar qual será o custo de reparação do museu, nem sequer todas as consequências desta inundação na infraestrutura”, afirmou o autarca.
Rui Santos adiantou que o museu “ficará encerrado”, que as “peças em exposição estavam cobertas por apólice de seguro” e que a câmara tudo fará “para avançar com a sua recuperação logo que for possível”.
“Numa altura em que acabamos de aprovar o orçamento municipal, será seguramente difícil acomodar uma despesa que, estimamos, venha a ser de várias centenas de milhares de euros. Esperemos não vir a ficar colocados na situação difícil de ter que optar entre projetos, dada a escassez e finitude dos nossos recursos financeiros”, salientou.
O presidente referiu que “os equipamentos culturais foram particularmente afetados por esta situação, com inundações no Museu da Vila Velha e Teatro Municipal e queda de árvores nos muros e portão do Arquivo Municipal”.
O mau tempo provocou a queda de 102 árvores, algumas delas no Jardim da Estação.
“Acreditamos que a queda de árvores de grande porte no Jardim da Estação aconteceu, em parte, em consequência da obra que lá se está a desenvolver, que não terá salvaguardado convenientemente a fisiologia vegetal e o desenvolvimento das suas estruturas de suporte”, frisou o presidente.
Apesar de considerar “ser evidente” que a queda de árvores “aconteceu por todo o território, em locais em que não se desenvolveu qualquer obra recente, ela foi particularmente severa na envolvente da estação”.
“Decidimos, por isso, iniciar um processo de averiguação que nos permita aferir essa suspeita, para que se possam evitar novas situações e perceber a responsabilidade da empreitada no ocorrido. Também assumimos que uma parte do problema pode ser atribuído à dimensão da copa das árvores presentes, que se revelaram excessivas para suportar a força do vento”, salientou.
Segundo Rui Santos, no Jardim da Estação, em todo o arvoredo remanescente, “irão ser desenvolvidas operações técnicas que conduzam à sua valorização, resistência e manutenção”.
“A replantação do arvoredo desaparecido será feita utilizando as mesmas espécies anteriormente presentes, com o cuidado de que a sua condução privilegie a adequação da sua conformação à sua necessária vitalidade mas que garanta, repito, a segurança dos cidadãos utilizadores do espaço público”, frisou.
Acrescentou que, “uma vez que estes fenómenos extremos afetam a globalidade do território, e porque existem situações semelhantes à do Jardim da Estação em várias pequenas praças e arruamentos, as operações de adequação da dimensão do arvoredo serão alargadas a todo o espaço urbano”.
“A passagem das depressões Elsa e Fabien foi sentida de forma muito relevante em Vila Real, num cenário de chuva e vento caóticos, de que não há memória entre nós”, afirmou Rui Santos.
O autarca fez ainda questão de prestar uma homenagem e agradecer a “todos os que estiveram envolvidos nas operações de proteção e socorro”, quer os funcionários do município, bombeiros, agentes da autoridade, responsáveis e trabalhadores de juntas de freguesia.
“Enfim, todos foram uns verdadeiros heróis neste momento difícil”, frisou.
Outra consequência do mau tempo no concelho foi o corte de eletricidade em várias localidades. Por exemplo, na aldeia de Gravelos a população queixa-se de estar sem luz há quatro dias.
A EDP Distribuição disse, em comunicado, que os danos na rede elétrica provocados pela depressão Fabien no continente português deverão estar completamente resolvidos até ao final do dia de hoje.
Os efeitos do mau tempo, que se fazem sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.