O Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, tem patente obras da coleção da Secretaria de Estado da Cultura em depósito em Serralves, no Porto, abordando uma perspetiva sobre a arte produzida em Portugal entre 1960 e 1980.
A exposição "Corpo, Abstração e Linguagem na Arte Portuguesa -- Obras em depósito da Secretaria de Estado da Cultura na Coleção de Serralves", hoje inaugurada e patente até dia 15 de outubro, evidencia a abstração, a abertura à linguagem e à redefinição da figuração e da representação na criação pictórica e escultórica.
Em declarações aos jornalistas, a curadora da mostra, Marta Almeida, disse que estão em Chaves 29 obras da coleção, da década de 60 a 80 do século passado, de diferentes artistas portugueses e que representam os primórdios da Coleção de Serralves, sendo uma espécie de "embrião".
"Demonstra o que nestas décadas se fez em termos de pintura e escultura em Portugal", frisou, sublinhando que as obras atestam os níveis de diálogo e confluência que os artistas estabelecerem entre si e com o contexto internacional a partir do pós-guerra.
Muitos dos artistas selecionados para esta mostra estudaram e iniciaram as suas carreiras no ambiente da ditadura portuguesa, realçou.
Já para a presidente da administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, faz parte da missão da instituição levar a arte contemporânea para "fora de portas", ficando mais acessível às populações.
"Esta mostra faz parte do intenso programa de exposições itinerantes que o Museu de Serralves desenvolve em todo o país e que tem como grande objetivo tornar a coleção de arte contemporânea acessível para além das portas do museu, permitindo o alargamento da rede de acesso e de aproximação das populações à arte", frisou.
Ana Pinho lembrou que este ano Serralves vai levar 29 exposições para fora do museu, tendo em 2016 levado 14, o que demonstra a estratégia de atuação da fundação.
"Todas estas exposições têm também uma componente de serviço educativo associado", ressalvou.
Questionada sobre se parte da coleção vai continuar em depósito em Serralves, a responsável adiantou não ter nenhuma indicação em sentido contrário e que estas obras estão no museu desde a sua fundação, tendo sido um dos motivos para a sua criação.
Por seu lado, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, considerou que é "prematuro" falar nessa questão, não sendo local, nem altura, para especular sobre o futuro.
"A parceria com Serralves é ótima, a seu tempo diremos alguma coisa", adiantou.
Sobre o facto de a exposição vir até Chaves, o governante entendeu que é importante descentralizar a arte, nomeadamente a fruição e a criação.
A arte não é só para os grandes centros, mas para todo o país, permitindo a todos ter acesso de igual forma aos bens culturais, vincou.