No posto de combustível da Campeã, concelho de Vila Real, vendeu-se tanto combustível num dia como numa semana por causa da grande afluência de condutores receosos com a greve dos camionistas que transportam materiais perigosos.
“Nunca tivemos tanto movimento”, afirmou Jorge Maio, presidente da Associação de Agricultores do Concelho de Vila Real que explora um posto de combustível na Campeã.
Hoje, em Vila Real, a situação é idêntica a todo o país, com grandes filas de veículos para abastecer e as primeiras falhas a notaram-se no gasóleo. Vários postos já não têm este tipo de combustível e outros estão também a esgotar as reservas de gasolina.
Jorge Maio referiu que vendeu cerca de 30 mil litros nas últimas 24 horas, uma quantidade que normalmente dá para “mais de uma semana”. Já na terça-feira, a procura aumentou e, hoje, a fila permanece desde as 07:00.
“Mais duas horitas, se continua assim, ficamos sem combustível”, sublinhou.
Jorge Maio é também presidente da Junta de Freguesia da Campeã e, por isso, elencou uma grande preocupação com os serviços, como o centro social e paroquial que dá assistência aos idosos e ao domicílio.
Explicou que está a guardar uma reserva para estes serviços não pararem, mas, no entanto, sublinhou que já avisou os responsáveis pela obra de saneamento básico que está em curso na freguesia de que, neste momento, já não os pode abastecer mais.
O autarca referiu que se nota um alarmismo entre os clientes por causa das notícias sobre as falhas de combustíveis e que, por isso, eles procuram encher os depósitos, até porque não se sabe até quando a situação vai durar.
“Antes de terça-feira não vai ser fácil nós, pelos menos, termos combustíveis no posto, porque quem nos abastece não consegue abastecer todos os postos de uma só vez. Os fornecedores dizem que está tudo parado e que não têm hipótese de fornecer”, salientou.
Maria Alcina veio encher o depósito porque precisa de ir trabalhar para Vila Real, a cerca de 20 quilómetros da Campeã.
“O carro ainda não está na reserva, mas o que tem não vai chegar até ao fim de semana e tenho que me prevenir”, afirmou à agência Lusa.
Maria Alcina disse que começou a ficar preocupada com a situação hoje porque a “fila começa a ser grande” e notou que as “pessoas estão mesmo com medo”.
Pompeu Rendeiro também aproveitou para abastecer por temer que não volte a haver combustível “tão cedo” e, apesar de andar pouco, “pode haver uma emergência”.
“É a primeira vez que vou atestar o carro”, frisou.
Na cidade de Vila Real, numa bomba de gasolina perto da entrada do Itinerário Principal 4 (IP4), a fila de carros estendia-se para a avenida.
“O carro está na reserva mesmo, estou um pouco apreensivo com esta situação e hoje é só filas em todo o lado. Dei a volta quase a Vila Real inteira e está assim em todo o lado”, referiu Carlos Silva.
Este automobilista disse estar preocupado com a situação, apesar de concordar com o protesto. “Porque os motoristas de camiões de matérias perigosas devem ter um pouco mais de seguro e de regalias, por isso acho correto, mas está a afetar-nos a nós”, sustentou.
No cento da cidade, na avenida Primeiro de Maio, Teresa Ribeiro fez questão de ir atestar o depósito, apesar de ainda estar meio, “por prevenção” e por ver que toda a gente está a fazer o mesmo.
Neste posto de combustível, a meio da manhã de hoje, já só havia gasolina, o gasóleo esgotou na terça-feira e não se sabe quando vai ocorrer o próximo abastecimento.
A greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.