O teatro surgiu por acaso na vida de João Pedro Vaz. Esta arte começou a despertar o seu interesse em Coimbra, para onde foi estudar engenharia química. Iniciou-se então no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), onde, entre 1993 e 1995, frequentou o Curso de Formação Teatral.
Inicialmente, a família do actor - João Vaz é filho do anterior governador civil de Vila Real, Artur Vaz -, encarou com receio a sua dedicação ao teatro. E quando ele decidiu abandonar o curso de engenharia, a preocupação aumentou. No entanto, o jovem diz que a família sempre o apoiou.
\"Não é o talento que me agarra a esta arte, mas sim o facto dela fazer parte de um processo de comunicação, ou até de poesia\", afirma João Vaz, defendendo que o talento \"se esvai e se torna insuportável\". O actor confessa também que não está no teatro para realizar um sonho, mas sim enquanto ele \"fizer sentido\" para si. Quando isso deixar de acontecer, ele garante que também deixará o teatro.
No Porto, João Vaz participou nas peças \"Íon\", de Eurípides, encenada Paulo Castro, com quem trabalhou no TEUC; \"Antígona\", de Sófocles, encenada por Rogério de Carvalho (1995) e \"Fando e Lis de Arrabal\", encenada por Paulo Castro (1996). Hoje, vive na cidade Invicta, mas Lisboa, devido aos muitos convites que tem recebido, acaba por ser a sua segunda casa. E foi precisamente na capital que João Vaz protagonizou \"Peer Gynt\", a peça que levou à nomeação para um Globo de Ouro. Esta peça, encenada por João Lourenço, foi apresentada na abertura das novas instalações do Teatro Aberto, em Lisboa (2002), e conta com as participações de Irene Cruz, Catarina Furtado, Luís Alberto e Francisco Pestana. O texto, que João Vaz considera \"brilhante\", permitiu-lhe representar, durante dois meses e meio, \"todos os registos possíveis e imaginários\", num espectáculo com a duração de quatro horas.
A nomeação, ao lado de Virgílio Castelo, Rui Mendes e Miguel Dias, traduz o reconhecimento do seu trabalho pela crítica. O actor está \"orgulhoso\", mas não acredita na vitória. Na sua opinião, o prémio será entregue a Rui Mendes. Caso contrário, o vila-realense juntará este troféu ao Prémio Revelação Ribeiro da Fonte 2000 - Teatro, pela sua interpretação em \"O Fantástico Francis Hardy Curandeiro\" e pela encenação de \"(A)tentados\".
João Vaz está envolvido no projecto \"Assédio\", com o qual tem realizado algumas peças. Neste momento, ensaia \"Os Dias de Hoje\", de Jacinto Lucas Pires, com encenação de Marcos Barbosa, a estrear a oito de Junho no Porto. Paralelamente, dirige João Cardoso no monólogo \"Uma noite em Novembro\", de Marie Jones, a estrear a nove de Julho no Rivoli. Entretanto, a 30 de Maio, estreia o seu primeiro filme, \"A Passagem da Noite\", de Luís Filipe Rocha.
João Vaz gostava de, um dia, trazer uma encenação sua ao teatro municipal de Vila Real. Seria também do agrado do actor que nesta cidade houvesse uma \"formação de públicos\". Mas, neste momento, a terra que o viu nascer é apenas um ponto de passagem. E João Vaz admite que se tivesse permanecido em Vila Real não teria tantas peças no seu currículo, nem estaria nomeado para um Globo de Ouro.