Alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) aprenderam hoje a criar gastronomia molecular para incentivar o regresso às aulas presenciais, que implicou o desdobramento das turmas e o rasteio de docentes e estudantes à covid-19.
“Não tem nada a ver uma aula presencial com uma aula ‘online’. Além disso, o conteúdo que aprendemos numa aula presencial é muito mais entusiasmante, cativador do que via ‘online’”, afirmou Dulce Sousa, 21 anos e aluna do primeiro ano do curso de Ciências da Nutrição na UTAD, em Vila Real.
Nesta primeira aula após o confinamento imposto pela covid-19 e que foi acompanhada pela agência Lusa, os estudantes deste curso aprenderam os princípios básicos da gastronomia molecular e ajudaram a confecionar novos produtos alimentares, como gomas ou esparguete de manga gelificada, gomas de abacaxi e uma gelatina feita à base de mel e gelano e ainda pequenas esferas de morango.
Uma aula “diferente” que quis “estimular” os alunos no regresso às salas de aula e na qual estes futuros nutricionistas aprenderam formas diferentes de desenvolver alimentos.
A professora e investigadora Ana Barros realçou que foram usadas as técnicas da gelificação e da esferificação com recurso a extrato de algas, um produto natural que serve de gelificante.
“Uma alimentação rica e nutritiva, estamos a falar de uma alimentação à base de fruta que tem apenas um formato diferente”, afirmou a investigadora.
Formatos, cores e sabores diferentes que são usados para incentivar as crianças a consumir frutas e legumes. “E o consumo aumentou cerca de 25% na população que nós estudamos”, contou Ana Barros.
Neste laboratório da UTAD, alunos e professores estiveram juntos presencialmente pela primeira vez neste ano letivo.
“Tínhamos sempre dado aulas ‘online’ e, no fundo, é mostrar-lhes que podemos aliar os conhecimentos que damos na componente teórica a algo prático que eles podem usar no dia-a-dia e numa alimentação nutritiva”, salientou Ana Barros.
Dulce Sousa gostou, disse que é um “tipo de aulas muito mais incentivador” e que “cativa a querer aprender mais”.
“Sem dúvida a parte que mais me cativou é que, muitos destes conteúdos que aprendemos hoje aqui, podemos aplicar nas crianças que têm tendência para os açúcares. A fruta é melhor para as crianças e estas são as diversas formas em que as podemos utilizar”, referiu.
A colega, Beatriz Lira, de 19 anos, salientou que o melhor da aula foi “conhecer novas experiências” e “novas formas de explorar os alimentos e de uma forma saudável”.
Nesta terceira fase do desconfinamento, as universidades retomaram as aulas presenciais na segunda-feira. O regresso está a ser faseado e, na UTAD, estão a ser testados à covid-19 os docentes, funcionários e também os alunos.
Foi o que aconteceu com os docentes de Ciências da Nutrição e os alunos.
Mas, segundo Ana Barros, as turmas de 20 alunos foram também desdobradas como medida de prevenção. Enquanto no laboratório estão 10 alunos, os restantes estão a ter aulas ‘online’.
Artur Sá, presidente da Escola das Ciências da Vida e do Ambiente, lembrou o plano de contingência que está a ser implementado na academia transmontana e que passa ainda pela higienização, criação de circuitos, o distanciamento e a redução do número de alunos no espaço disponível.
“Ainda estamos muito limitados com a necessidade do distanciamento social, mas o regresso é fundamental. A universidade faz-se da presença no espaço, não só a transmissão de conhecimento, mas desde logo a construção do conhecimento que resulta muito daquilo que é o vivenciar, o experienciar, o ver acontecer”, salientou.
Na sua opinião, “nada se equivale à realidade da sala de aula”.