De canoa ou a pé, cerca de 200 pessoas aproveitam este fim-de-semana para actividades de lazer no rio Sabor, no distrito de Bragança, e mais uma vez mostrar a oposição à construção de uma barragem no local.
\"Pode destruir um ecossistema único\" referiu José Teixeira, da Plataforma Sabor Livre. A maioria dos participantes no encontro promovido pela Aldeia, uma associação de desenvolvimento local, fizeram centenas de quilómetros para dizer que o Sabor é um dos poucos rios no país, com condições para a prática de desportos de águas bravas.
Distribuídos por 50 embarcações, os canoístas percorreram ontem 20 quilómetros entre a ponte de Remondes, em Mogadouro, e o Santo Antão da Barca, Alfândega da Fé, um percurso com um grau de dificuldade médio. Apesar disso, alguns dos partricipantes, com o cair da noite, perderam-se nas margens e a organização, apercebendo-se das ausências, chamou os Bombeiros de Mogadouro. Foram resgatados perto das 22 horas.
Em 2004 já se tinha realizado um encontro semelhante, no mesmo local, para demonstrar que o Sabor tem \"qualidades excepcionais para a turismo de qualidade em contacto com a natureza\" frisou o representante da Plataforma. Com esta actividade, quiseram provar que o rio pode servir para dinamizar o desenvolvimento turístico, dado o seu património natural e invulgar em toda a Europa.
José Teixeira acredita que se o rio Sabor for valorizado e dado a conhecer, será um ponto de atracção turística, podendo contribuir para desenvolver a economia local. \"Queremos motivar as pessoas a visitar esta zona e conhecer uma paisagem única, ao contrário da banalização da paisagem das albufeiras e barragens\" explicou o ambientalista.
Como saldo final demonstram que, havendo programas disponíveis, as pessoas deslocam-se ao Sabor. \"Mas nós não somos nenhuma entidade turística. Só damos o exemplo daquilo que poderia ser feito neste local\" afirmou José Teixeira.
Menos entusiasta da canoagem, Severino Machado, residente em Lagoa, Macedo de Cavaleiros, diz que prefere a barragem porque no Verão o rio seca.\"Nós precisamos é de água para regar os terrenos. Isto aqui é só fragas que não fazem falta a ninguém\", atalhou.
Decisão até ao fim do mês
Na passada sexta-feira uma delegação da Plataforma Sabor Livre esteve em Bruxelas para falar com o comissário europeu e reforçar a posição contra a barragem. Aguarda-se até ao final do mês uma decisão sobre o processo de contencioso levantado por uma queixa dos ambientalistas ao Estado português, por causa do projecto de construção do empreendimento. A decisão foi anunciada para o início do ano, mas tem vindo a ser protelada.
Pressões em Bruxelas
Os ambientalistas consideram que tem havido muitas pressões políticas, ao mais alto nível, em Bruxelas, no sentido de a barragem ir em frente. No entanto, dizem que se a decisão for meramente técnica, o contencioso será mantido e será inviabilizada a construção ou o acesso aos fundos comunitários.
Quatro municípios unidos
A barragem do Baixo Sabor envolve quatro municípios Torre de Moncorvo, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Alfândega da Fé. Prevê-se que tenha uma capacidade de armazenamento de água de 630 hectómetros e o seu custo está estimado em 300 milhões. O empreendimento faz parte do plano energético nacional desde 1960 e é considerado pelos autarcas fundamental .