Bragança vai dispor de uma Escola de Pais para ajudar famílias, com filhos com necessidades educativas especiais, a ultrapassar problemas na relação com as instituições, dificuldades financeiras e falta de apoio emocional.

Quatro concelhos de Bragança, nomeadamente Alfândega da Fé, Bragança, Vimioso e Vinhais, aderiram ao projecto da Escolas de Pais, criado com apoio do Agrupamento de Centros de Saúde, para dar auxílio e formação a 500 famílias com filhos com necessidades educativas especiais, que enfrentam múltiplas carências: apoio psicológico, financeiro e institucional.

Tratam-se de famílias emocionalmente frágeis que não sabem para que serviços se hão-de encaminhar e resolver os obstáculos inerentes às situações com que se deparam à medida que os filhos crescem, desde deslocações constantes a consultas médicas e terapias fora da região, até ao desconhecimento em lidar com as incapacidades dos descendentes. Há pais, principalmente mães, que são obrigados a abandonar os empregos para podem acompanhar os filhos. Foi o caso de Teresa Mofreita, residente em Sernadela (Macedo de Cavaleiros), mãe de uma menina de 10 anos com multidificiências (paralisia cerebral e cegueira), que deixou de trabalhar para a assistir melhor. \"Não sei como agir, os problemas são muito complicados\", explicou.

Estas famílias enfrentam dificuldades de toda a ordem, nomeadamente ao nível da falta de formação e falta de competências na educação emocional. \"Não sabem como intervir\", alertou Celmira Macedo, professora do Ensino Especial.

A falta de acompanhamento e de ajuda emocional foi indicada por esta mãe, que admitiu sentir-se sozinha e deprimida por não saber como actuar e ajudar a filha.

A menina frequenta o ensino especial em Macedo de Cavaleiros, mas está integrada no ensino público regular, com apoio de duas professoras. No entanto, Teresa Mofreita considera que faltam técnicos com formação específica para responder a todos os problemas de saúde. \"Eu tenho vindo a lutar para que ela (filha) tenha outro tipo de ensino mais específico às suas necessidades, porque assim não progride\", admitiu.

As dificuldades económicas têm um grande peso nestes agregados. \"Ter uma criança destas equivale a ter maior disponibilidade financeira para a compra de materiais, alimentação específica e consultas da especialidade\", enumerou Celmira Macedo.

Um dos maiores problemas é a falta de terapias e especialidades médicas na região, obrigando as famílias a deslocações semanais ao Porto, Coimbra ou a Vila Real. Viagens que na maioria das vezes até são comparticipadas, mas os pais não sabem a quem solicitar as ajudas.



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02 de Abril em Bragança