As populações de mais de seis aldeias dos concelhos de Bragança e Vinhais estão revoltadas porque não vão beneficiar de qualquer apoio pela destruição de culturas ocorrida em Maio, na sequência de uma intempérie. Na altura, uma comitiva de deputados de vários partidos deslocou-se à terra fria transmontana para avaliar os prejuízos e foi prometido que as perdas seriam compensadas.
Volvido mais de meio ano, o presidente da Direcção Regional de Agricultura, Fernando Martins, afirmou que, segundo uma resolução do Conselho de Ministros, apenas estão estipuladas ajudas para o concelho de Murça. Nos outros, quem não tiver seguro de colheita não tem direito a nada. Ainda assim, aquele responsável reconhece que em alguns soutos a quebra de produção de castanha é da ordem dos 90%. O mau tempo destruiu ainda vinha, cereais e outros produtos agrícolas em diversas aldeias, na sua maioria incluídas no Parque Natural de Montesinho.
A quase certeza de que aquelas localidades não vão ter direito ao fundo de calamidade deixou descontentes os autarcas. O presidente da Junta de Espinhosela (Bragança) exige que sejam tomadas medidas. Na localidade, a produção de castanha este ano é quase zero, o que deixou os 40 produtores locais em má situação financeira, visto que a castanha é a cultura mais rentável da terra fria e um complemento fundamental ao rendimento das famílias que vivem da lavoura.
Também indignado, o autarca de Rabal pergunta o que é que os deputados foram fazer quando visitaram as aldeias afectadas. \"Escusavam de ter vindo cá gastar dinheiro do erário público, que até podia ser canalizado para estes apoios\", afirma o autarca.
A concelhia de Bragança do Partido Socialista já manifestou o seu repúdio face à atitude do Governo e critica a atitude de passividade do Instituto de Conservação da Natureza, do Parque Natural de Montesinho e da Câmara Municipal.