Aos 85 anos e a viver sozinha, Fernanda Branco encontrou nos militares da GNR da Régua companhia, ajuda nas compras e até no pedido de isenção dos 110 euros que paga anualmente para atravessar a linha ferroviária.

Vive junto à linha de caminho de ferro do Douro e o único acesso à sua casa faz-se atravessando a ferrovia.

Já referenciada nos Censos Sénior da GNR, uma operação que hoje se reinicia em todo o país e que visa sinalizar os idosos que vivem sozinhos e/ou isolados, Fernanda Branco recebeu a visita da equipa da secção de policiamento comunitário do destacamento do Peso da Régua, no distrito de Vila Real, quando hoje também se assinala oNo Douro a ajuda bate à porta e veste a farda da GNR

Durante esta ação, acompanhada pelos jornalistas, a idosa contou que pela utilizada da passagem de nível paga, por ano, 110 euros, um valor que considera “muito elevado” para a sua reforma.

Confrontados com esta dificuldade, os militares da GNR contactaram a Segurança Social, a quem pediram para interceder junto da Infraestruturas de Portugal (IP), onde o pedido de isenção desta taxa está, agora, a ser analisado.

“Todos os anos, em janeiro ou fevereiro, vem a carta para pagar”, referiu, acrescentando que paga “logo” com medo que lhe “tapem a passagem”.

A casa, rodeada de árvores de fruta e com vista para o rio Douro, foi construída por Fernanda e o seu marido, retornados de Angola, e há mais de 30 anos que paga pela passagem pela linha.

Os familiares vivem no Porto e os vizinhos estão um “pouco distantes”, mas a idosa disse que quer continuar a viver aqui, onde tem o quintal para se distrair.

“Estou-lhes muito grata por tudo porque são muito humanos e estão sempre a visitar-me e a perguntar como eu estou. Não estou sozinha, estou acompanhada com os senhores da GNR”, afirmou Fernanda Branco.

A idosa foi identificada pelos militares durante a pandemia de covid-19, numa altura em que ficou sem apoio devido ao isolamento profilático de uma sua cuidadora, e os guardas Luís Nogueira e Ivone Borges ajudaram nas compras, em questões burocráticas, tiraram dúvidas e informaram.

Numa outra aldeia, os guardas recolheram informações por idosos que vivem sozinhos e isolados e foram bater à porta de José Silva, de 84 anos, que vive com a mulher de 82 anos.

Luís Nogueira e Ivone Borges recolhem os dados dos idosos, deixam os seus contactos telefónicos e a garantia de que, daqui para a frente, irão passar por ali.

José gostou desta visita e disse que, assim, se “sentem mais apoiados”. “Isto vale muito”, referiu.

Numa porta ao lado vive a sua irmã Maria Nazaré Silva, de 77 anos, uma funcionária pública reformada que regressou há 10 anos à terra natal. É também uma ajuda para o casal de octogenários e é ela, por exemplo, que lhes faz as compras.

“O objetivo da operação Censos Sénior é identificar idosos que têm situações de vulnerabilidade, ou seja, que vivem sozinhos e ou isolados”, afirmou a alferes Sandra Pacheco, comandante adjunta do destacamento do Peso da Régua.

Na edição de 2020, a Guarda sinalizou 42.439 idosos, dos quais 5.065 em Vila Real, o distrito do país com mais idosos identificados.

Sandra Pacheco explicou que se pretende sensibilizar e alertar para alguns tipos de crimes, como as burlas, para os cuidados a ter por causa da pandemia, e que a GNR atua como “elo de ligação” com outras entidades, tudo “com vista a garantir a segurança” dos mais velhos.

Na campanha 2021, que decorre durante o mês de outubro, a Guarda Nacional Republicana e o Instituto da Segurança Social estabeleceram um protocolo de colaboração com vista à promoção e divulgação do estatuto do cuidador informal.

Fotografia: GNR



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