O Museu de Arqueologia de Vila Real acolhe a exposição «Violência Doméstica», que contou com a colaboração dos reclusos do estabelecimento prisional e visa alertar para este crime que ronda os 400 casos por ano no distrito.

A iniciativa partiu da Associação Lusófona para o Desenvolvimento do Conhecimento (ALC) e contou com a colaboração do Estabelecimento Prisional (EP) de Vila Real.

Aurora Caldas, técnica do EP, disse à agência Lusa que todo o trabalho desenvolvido teve como objetivo \"despertar consciências\" para a problemática da violência doméstica, que considerou ser \"transversal a toda a sociedade portuguesa\".

O EP de Vila Real trabalha há três anos com a ALC, desenvolvendo trabalhos relacionados com os temas \"Igualdade de Género\", \"Tráfico de Seres Humanos\" ou \"Violência Domésticas\", através da realização de seminários, palestras e exposições.

Durante este período, os reclusos pintaram quadros e estatuetas, alguns dos quais vão ficar agora expostos até 16 de novembro no Museu de Arqueologia e Numismática. A mostra seguirá em itinerância por outros pontos do país.

O crime de violência doméstica merece uma \"especial atenção\" por parte do Comando Territorial da GNR de Vila Real.

Esta problemática está entregue ao Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) que procede à sinalização, identificação e acompanhamento das situações.

O major João Morgado referiu que a comunicação das situações foi quase sempre feita diretamente pelas próprias vítimas.

Na área da intervenção da GNR, foram registados 302 crimes de violência doméstica entre janeiro e setembro deste ano.

Em 2011, foram contabilizados 397 casos. Os concelhos de Vila Real (56), Peso da Régua (48) e Vila Pouca de Aguiar (39) apresentaram maior índice deste crime, enquanto que os concelhos de Boticas (9), Ribeira de Pena (10) e Santa Marta de Penaguião (12) registaram o menor número de denúncias.

O Comando da GNR de Vila Real registou 316 crimes em 2009 e 409 crimes em 2010.

Entre 2009 e 2011, morreram seis mulheres vítimas de ferimentos com arma de fogo por parte dos companheiros. Este ano, a Guarda registou uma vítima mortal.

As vítimas de violência doméstica continuam a ser, na sua maioria, mulheres casadas ou divorciadas, entre os 25 e os 45 anos.

Por sua vez, os agressores são, na maior parte dos casos, os companheiros, com idades compreendidas entre os 25 e 50 anos, empregados e com baixo nível de escolaridade,

Segundo o major, o consumo de bebidas alcoólicas é frequentemente apontado pelas vítimas como umas das principais causas para o comportamento violento dos agressores.

Para João Morgado, continua a ser preocupante que, em quase metade das situações, existiram menores a assistir às agressões. Em cerca de um terço destas situações verificou-se também reiteração.

A violência doméstica vai ser também um dos temas em destaque no II Encontro de Outono, Saúde e Comunidade, que decorre na sexta-feira e no sábado, em Vila Real.



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Com 43 anos, natural de Angola

Terceira edição do Prémio EDP