Astrónomos de todo o país e dezenas de curiosos encontraram-se no Marão para o lançamento da 6ª edição da "Astronomia no Verão", uma iniciativa promovida pela Agência Ciência Viva desde 1996, que tem vindo a proporcionar a milhares de portugueses uma oportunidade para observar os astros e aprofundar os conhecimentos sobre o universo.

Ao fim da tarde, atraídos pela curiosidade de ver primeiro o sol e depois as estrelas e o planeta Marte, dezenas de pessoas subiram a serra e juntaram-se aos astrónomos e ao ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, para verem, alguns pela primeira vez, através de um telescópio um "céu como nunca viram".

Carlos Balsa, de 30 anos e residente na Campeã, concelho de Vila Real, desde estudante que se interessa pela astronomia, e, por isso, gosta de observar o céu, ver as estrelas e os planetas que constituem o sistema solar.

Atraído pela vontade de ver através de um telescópio mais profissional do que o pequeno que tem em casa, Carlos Balsa observou o sol, que ao fim da tarde brilhava "com uma intensidade surpreendente".

Observar a Ursa Maior e a Ursa Menor foi a experiência que encantou Francisco Mendes, de sete anos, que viajou de Lisboa na companhia do pai para, no Observatório Astronómico do Marão, ver e sentir mais de perto aquelas constelações estrelares.

"Posso ver uma estrela" ou "posso observar os planetas que constituem o Sistema Solar", são as perguntas mais comuns que as pessoas, de todas as idades, colocam com mais frequência a Jorge Carneiro, do grupo de astrónomos amadores Andrómeda, que instalou aquele observatório no alto do Marão.

Segundo disse o astrónomo, "a maior parte das pessoas cria a expectativa de, através de um telescópio, observarem uma estrela numa dimensão maior ou mais profunda do que através da observação directa".

No entanto, Jorge Carneiro acrescentou, "depois vem a desilusão, porque uma estrela é sempre um ponto brilhante e o telescópio apenas intensifica a intensidade da luz".

Mas ver os planetas, principalmente Marte ou Saturno, com os seus anéis é, para o astrónomo, "uma experiência impressionante".

Telescópios à disposição

Durante os meses de Agosto e Setembro, meia centena de equipas de astrónomos, espalhados por todo o país, vão colocar os seus telescópios à disposição da população e respondem a questões do público.

Também os grandes equipamentos dos Observatórios Astronómicos profissionais abrem as suas portas e organizam actividades de animação e divulgação científica para o público.

As acções, ainda que apoiadas financeira e logísticamente pelo programa Ciência Viva, são realizadas por universidades e outras instituições ou associações de carácter científico, que se colocam ao serviço dos cidadãos, em período de férias.

Para o ministro Mariano Gago, a iniciativa contribui para a "desmistificação da imagem do cientista desligado do contacto com as pessoas".

Assim, segundo o ministro, mais de uma centena de professores universitários e investigadores de cerca de 30 departamentos universitários, institutos e centros de investigação vão comunicar directamente com os cidadãos, esclarecendo dúvidas e proporcionando uma informação rigorosa e indispensável para a formação de uma opinião pública esclarecida.

Trata-se, na sua maioria, de actividades ao ar livre, que funcionam como complemento de acções de campo, organizadas sob a forma de passeios, excursões itinerantes ou mesmo laboratórios instalados em praias, permitindo a pessoas de todas as idades um contacto directo com a realidade que os rodeia.

Este ano, os astrónomos vão organizar-se em mais de 650 acções distribuídas por 220 localidades em Portugal.

Para Mariano Gago, um aspecto importante daquela companha é o de proporcionar às pessoas oportunidades para adquirir conhecimentos práticos e técnicas de manipulação de instrumentos.

As portas do observatório do Marão vão estar abertas nos dias 10, 11 e 25 de Agosto, e 7, 8, 14, 15, 21, 22 de Setembro.

Observatório assaltado

A iniciativa da construção do Observatório Astronómico do Marão partiu do grupo Andrómeda, que, em 1997, arrancou com a instalação de um contentor-abrigo que lhes permitiu efectuar uma primeira sessão na Astronomia no Verão.

Meses depois, um forte temporal desfez o contentor e o sonho do grupo, que iniciou então a construção de um telescópio totalmente arquitectado e desenvolvido pelos seus cinco elementos.

Enquanto erguiam um edifício permanente, um assalto ameaçou de novo o projecto, mas, depois de repostas as condições de segurança e de observação astronómica, o observatório tornou-se no palco de lançamento de mais uma campanha nacional de divulgação da Astronomia no Verão.

Jorge Carneiro referiu que o observatório vai ter duas funções fundamentais: a difusão cultural e o trabalho científico, que vai ter um ponto alto no dia 8 de Setembro, com a observação de "um fenómeno raro": "Uma das luas do planeta Urano vai passar em frente a uma estrela, que se vai eclipsar por uns momentos. "Um fenómeno que nos vai permitir saber onde está aquele planeta e se tem atmosfera".



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