A insólita comemoração começou com uma \"brincadeira\" do padre Fontes, que numa das sextas-feiras treze de 1998 desafiou alguns dos restaurantes da vila barrosã a decorarem o seu interior com elementos ligados à bruxaria e a servirem ementas \"diabólicas\". Só de nome, porém.
Mais do que a população, nessa altura, foi a comunicação social que aderiu à iniciativa, o que, de resto, ajudou ao \"sucesso\" da ideia e atraiu novos públicos em edições posteriores. Na última sexta-feira, até a Câmara Municipal se envolveu na iniciativa, assumindo-a já como parte do calendário cultural.
A primeira parte do programa destas iniciativas, que à semelhança das feiras da vitela, do cabrito ou do fumeiro, pretendem promover a gastronomia barrosã, começa efectivamente nos restaurantes. Os que aderem ao desafio \"enfeitam\" as suas salas com tudo o que nos códigos da superstição dá azar: guarda-chuvas abertos, escadas, mesas com treze lugares, talher cruzado, abóboras iluminadas, vidros partidos, uma série de elementos que dão ao lugar uma característica \"misteriosa\" e \"arrepiante\".
A ementa servida é condizente: caldo de urtigas, vitela do Barroso abençoada, batatas a murro de bruxa, rabanadas enfeitiçadas, entre outras embruxadas iguarias. O mais real nisto tudo são os preços:12 euros e meio.
A segunda parte do espectáculo é a animação e foi assegurada pela autarquia local.
O Castelo medieval da vila, iluminado com tochas, foi o local escolhido para o \"arrepiante\" espectáculo, onde bruxas, vampiros e lobisomens emitiam grunhidos e se misturavam com os curiosos que ali se encontravam. A música e as imagens projectadas nas enormes paredes da fortaleza ajudavam a criar o diabólico cenário, intensificado também pela névoa que se fazia sentir. O espectáculo contou também com o elenco de actores da companhia de teatro Filandorra, que dinamizou o espaço e representou uma pequena peça intitulada \"bruxas, bruxedos e bruxarias\".
A parte mais esperada da festa, teve como actor principal o padre Fontes. Tratou-se da queimada, uma \"poção\" preparada à base de bagaço, fervido com grãos de café e pedaços de maça, que o pároco preparou enquanto recitou uma vasta ladainha para expurgar maleitas e feitiços. Finda a cantilena, o conteúdo do caldeirão foi servido às centenas de participantes, muitos vindos de Lisboa, Porto e Braga e de outros pontos do país.