Aos 94 anos, Albertino Pires quer ajuda para repor as árvores queimadas, em Vila Pouca de Aguiar, através do apoio financeiro extraordinário que o Governo estima que possa abranger entre 5.000 a 8.000 agricultores afetados pelos incêndios.
A lista dos prejuízos escreveu-a à mão e entregou-a diretamente ao ministro-adjunto e da Coesão Territorial, Castro Almeida, que assinalou hoje, em Pedras Salgadas, concelho de Vila Pouca de Aguiar, distrito de Vila Real, a entrega dos primeiros pagamentos até um máximo de seis mil euros aos agricultores.
Castro Almeida pegou no papel e entregou-o à presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias, para que os prejuízos sejam confirmados no terreno e, depois, se proceda ao pagamento.
Nele estavam descritas as perdas do nonagenário para um dos quatro incêndios que, entre 16 e 19 de setembro, queimaram cerca de 10.000 hectares em Vila Pouca de Aguiar.
Oliveiras, castanheiros, nogueiras e uma cerejeira foram alguns dos prejuízos que o agricultor de Sabroso de Aguiar apontou, salientando que ainda se sente com forças para repor.
“Se tivesse menos 20 anos apagava o fogo sozinho”, contou aos jornalistas, contabilizando perdas na ordem dos 5.000 euros.
Castro Almeida explicou que neste processo de apoio aos pequenos agricultores afetados se vão “dispensar muitos papéis” e exemplificou que, no caso de Albertino Pires, o papel escrito serve para dar início à candidatura e que, depois no terreno, os técnicos da câmara e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) vão confirmar as perdas.
“E depois pagamos ao senhor no dia seguinte. É assim que deve ser”, realçou o ministro.
Trata-se de um apoio financeiro que vai até um montante máximo de 6.000 euros e que dispensa a entrega de documentos comprovativos por parte dos agricultores.
Questionado sobre quantos agricultores poderão receber este apoio extraordinário, Castro Almeida disse que o levantamento ainda não está completo.
“Eu diria que [são] entre 5.000 e 8.000 agricultores que estão nessa situação de poder receber pequenos apoios relativos a prejuízos que não conseguem documentar”, apontou.
Para apoios acima desse valor já será necessário apresentar documentação.
As candidaturas estão a decorrer desde quinta-feira e já houve transferências bancárias como o caso de Ondina Lagoa, 35 anos, de Zimão, também em Vila Pouca de Aguiar, que perdeu 300 rolos de feno para alimentação das 100 ovelhas e as 40 vacas, e ainda alfaias agrícolas.
A agricultora disse que a ajuda é “fundamental”, tal como a rapidez na resposta.
“Foi um processo fácil. Foi só dizer o que nos ardeu, não precisei de documentos nenhuns. Foi muito bom e não esperava que fosse tão fácil”, afirmou.
Entretanto, Ondina já teve um donativo de 65 fardos de feno, pelo que, agora, a prioridade vai ser compor a frontal para o trator, que também ardeu, porque é com ela que coloca os rolos de feno nas manjedouras dos animais.
Segundo a presidente do município, em Vila Pouca de Aguiar há cerca de 60 pequenos agricultores afetados pelos incêndios.
Ana Rita Dias destacou a rapidez na atribuição das ajudas aos agricultores, mas apontou ainda à paisagem devastada pelo fogo que pintou de negro 20% da área do concelho, considerando que, agora, o maior desafio será o de fazer da prevenção o principal meio de combate aos incêndios.
Castro Almeida disse que as candidaturas podem ser submetidas até 30 de novembro e estima que, no final do ano, “uma grande parte dos lesados vai ter recebido o dinheiro equivalente”.
“O processo começou e agora não para mais. Demorou 25 dias arrancar e agora todos os dias vai haver pagamentos abaixo ou acima dos 6.000 euros, ou para a reconstrução de casas ou de fábricas e de equipamentos e infraestruturas municipais”, referiu.
Questionado pelos jornalistas sobre o Orçamento do Estado, o ministro da Coesão Territorial apenas disse estar “muito confiante” na sua aprovação, considerando que não há razões para que não seja aprovado.