O novo bispo de Vila Real apresentou-se ontem à diocese com o “coração cheio de alegria” e o “sonho” de uma Igreja acolhedora, durante uma cerimónia na Sé diocesana.
“A entrada de um novo bispo numa diocese representa uma nova etapa na vida do próprio e um tempo novo na vida dessa Igreja particular. Chego hoje a esta diocese de Vila Real por decisão e nomeação do Papa Francisco. Faço-o com um coração cheio de alegria e com a consciência de que sou, antes de mais, discípulo de Jesus Cristo, chamado a continuar a sua missão como sucessor dos apóstolos”, declarou D. António Augusto Azevedo perante centenas de pessoas que se reuniram na catedral e no adro diante da mesma, onde foram colocadas cadeiras e um ecrã gigante.
Após uma procissão com a participação de uma centena de padres e quase duas dezenas de bispos, o responsável assinalou, na sua homilia, que os católicos da diocese são chamados a “assumir a sua missão”.
“Apesar das rugas e feridas da nossa mãe, a Igreja, continuamos a amá-la e deixamo-nos contagiar pelo sonho do Papa Francisco em dar um rosto novo à Igreja, um rosto mais belo e jovem: o rosto de uma igreja acolhedora, próxima, fraterna, misericordiosa, uma Igreja verdadeiramente pascal”, apontou.
A chegada do novo bispo foi precedida, desde as primeiras horas da tarde, pela realização de um tapete floral, no percurso até à entrada da Sé; D. António Augusto Azevedo é o sexto bispo da história deste território católico.
A celebração começou sob a presidência do até agora administrador apostólico, D. Amândio Tomás, que foi bispo da diocese desde 2011 até ao último dia 11 de maio, quando o Papa tornou pública a nomeação do seu sucessor, após ter atingido o limite de idade determinado pelo direito canónico para esta missão.
Antes da Missa, decorreu a receção na Catedral, onde o novo bispo foi acolhido pelo pároco e beijou o crucifixo que este lhe apresentou, antes de rezar em silêncio diante do Santíssimo Sacramento.
Durante a Eucaristia, foi lida a Carta Apostólica de nomeação, pelo representante diplomático do Papa em Portugal (núncio apostólico), D. Rino Passigato.
Simbolicamente, D. Amândio Tomás entregou depois o báculo – que foi do segundo bispo da diocese, D. António Valente da Fonseca (1933-1967) – a D. António Augusto Azevedo, que passou a presidir à celebração.
D. Amândio Tomás, na sua saudação, manifestou a “alegria” da diocese e manifestou ao seu sucessor sentimentos de “lealdade, submissão e apreço”.
O agora bispo emérito destacou a ligação dos seminaristas de Vila Real à Diocese do Porto, no seu período de formação antes da ordenação sacerdotal, onde muitos contactaram com D. António Augusto Azevedo, assinalando a “mais-valia” do conhecimento criado.
A Diocese de Vila Real foi criada pelo Papa Pio XI pela Bula ‘Apostolicae Praedecessorum Nostrorum’, de 20 de abril de 1922; tem 4273 km2 e 264 paróquias; o primeiro bispo de Vila Real foi o D. João Evangelista Vidal (1923-1933), seguindo-se D. António Valente da Fonseca (1933-1967), D. António Cardoso da Cunha (1967-1991) e D. Joaquim Gonçalves (1991-2011), já falecidos; e D. Amândio José Tomás (2011-2019).
Natural de Avioso, no Concelho da Maia (Diocese do Porto), D. António Augusto Azevedo tem 57 anos; foi ordenado padre a 13 de julho de 1986 e, após o curso de Teologia, estudou Filosofia na Universidade Pontifícia Gregoriana, de Roma.
Antes de ser nomeado bispo auxiliar do Porto, no dia 9 de janeiro de 2016, o sacerdote lecionou na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), no Centro de Cultura Católica e no Curso de Pastoral do Seminário Maior, sempre no Porto, tendo colaborado ainda com a Escola de Direito e da Faculdade de Educação e Psicologia da UCP. |
Durante a homilia, D. António Augusto Azevedo manifestou a intenção de ser, na diocese, “sinal e artífice de unidade e comunhão”.
Com todos vós, clero e leigos, religiosos e religiosos, jovens e adultos, quero contribuir para edificar uma diocese em que todos sintam irmãos. Convido-vos a caminharmos como Povo de Deus, com alegria e paixão de ser povo, conscientes de que é mais importante caminharmos juntos do que caminhar depressa”.
O novo bispo apontou ao centenário da Diocese de Vila Real (2022), pedindo “a sabedoria de conjugar uma tradição religiosa e cultural tão rica com os desafios de uma modernidade que vai chegando muito depressa”.
“Conto ainda com o manto tecido todos os dias com as orações dos cristãos e das comunidades desta diocese pelo seu bispo, para que seja o pastor fiel e dedicado deste grande rebanho. O Pastor como Deus quer e o povo merece”, concluiu.
No final da Eucaristia, faz-se a leitura e assinatura da ata da tomada de posse; o novo bispo fica na catedral para receber os cumprimentos das autoridades e convidados.
Agência Ecclesia: OC