Paula Vaz Martins tem 37 anos e até há sete anos atrás tinha um trabalho estável na Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros. O marido já nessa altura era camionista e foi ele quem sugeriu que Paula tirasse a carta de condução de pesados para o ajudar a fazer as viagens. "Por causa dos horários", explica Paula.

"No principio custou um bocadinho", admite, lembrando que chumbou uma vez no exame de mecânica. Mas, salienta, nunca chumbou na condução. E depois ainda fez o exame de reboques, onde lhe disseram que ela "conduzia melhor que alguns homens". E Paula não conduz um camião qualquer. Conduz um camião TIR articulado.

Começou a fazer as viagens com o marido, ao serviço de uma empresa alemã. Desde então, conheceu outras mulheres camionistas. "Hoje em dia já há muitas", diz, "só que recebem sempre menos do os homens". Aliás, reforça, "muito menos".

Mas hoje Paula e o marido trabalham por conta própria, têm dois camiões e mais dois camionistas a trabalhar para eles. Todas as semanas vão a Inglaterra e voltam. Pelo caminho vão parando para fazer as pausas necessárias, depois de cada um conduzir dez horas seguidas. Nesses intervalos, aproveitam para conviver com outros camionistas, porque, desabafa, "também precisamos de falar com outras pessoas".

Hoje vêm todas as semanas a casa, mas quando o marido andava sozinho " ele só estava com a família uma ou duas vezes por mês".

Apesar de admitir que gostaria de ter estudado e ter sido enfermeira, Paula é firme quando diz que gosta do que faz e não pretende deixar a profissão tão cedo. Por isso, não está arrependida de ter mudado de vida. Esta camionista tem inclusivamente o apoio da filha, agora com treze anos, que já está habituada a ficar com os avós.

No último dia Internacional da Mulher, assinalado na passada sexta-feira, Paula vinha em viagem, de Liverpool, Inglaterra, a caminho de casa, na Amendoeira, Macedo de Cavaleiros, Portugal.



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