O presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, afirmou hoje que o processo de exploração de minério de ferro naquele concelho deverá avançar em setembro, encontrando-se ainda parado "devido à burocracia transfronteiriça".

"Foi pedido ao governo da Província de Castelo e Leão para se pronunciar acerca da exploração mineira, uma vez que estamos a menos de uma centena de quilómetros da fronteira. Todos os projetos mineiros em áreas de fronteira têm esta reciprocidade governamental", afirmou à Lusa o autarca, justificando o facto de a exploração ainda não ter começado.

Para Nuno Gonçalves, o período eleitoral que decorre na vizinha Espanha "obviamente que atrasou o processo de exploração mineira”, sendo que "este tipo de projetos ficaram parados na secretária".

Contudo, o autarca social-democrata recorda que o projeto de exploração de minério de ferro no concelho de Torre de Moncorvo é privado, estando a cargo da MTI, Ferro de Moncorvo, SA e o município quer ser parceiro das entidades públicas que apoiam o empreendimento.

"O Recape - Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução já foi aprovado e estamos neste momento na fase de consolidação da abertura da exploração mineira no concelho de Torre de Moncorvo", vincou o responsável municipal.

Nuno Gonçalves apela aos territórios vizinhos da região raiana para entenderem "que hoje não há Portugal e Espanha, mas antes um território transfronteiriço que se debate com os mesmos problemas de interioridade".

A MTI, Ferro de Moncorvo, SA. desenvolveu já trabalhos de prospeção e pesquisa prévios ao abrigo de um contrato de 2008, bem como atividade de exploração experimental no âmbito de outro contrato, este de 2013.

Em novembro 2016, altura em que foi assinado o contrato definitivo relativo a esta concessão, o então ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, realçou "o empenho colocado pelo Governo para agilizar este projeto", salientando ainda a sua "importância para a região e para o país".

A empresa concessionária da exploração mineira em Torre de Moncorvo espera investir 114 milhões de euros até 2026 e produzir cerca de seis milhões de toneladas de minério nos primeiros cinco anos de laboração.

Segundo a MTI, numa primeira etapa considera-se a criação de mais de 200 postos de trabalho diretos, a que acrescerão mais de 250 nas etapas seguintes. Estima-se ainda a criação de 800 postos de trabalho indiretos.

As previsões da MTI, Ferro de Moncorvo, S.A., apontam que nos primeiros cinco anos de exploração a produção de minério tal-qual (produzido na mina) evolua das 800 mil toneladas no primeiro ano para 1,6 milhões de toneladas no quinto.



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