O presidente da Câmara de Peso da Régua, Nuno Gonçalves, encontra-se hoje com o ministro da Saúde «sem esperança» de manter a urgência no hospital local, mas avisa que Correia de Campos «terá de assumir as consequências».

O autarca é recebido hoje à tarde por Correia de Campos para acerto da decisão final sobre a urgência do hospital D. Luiz I, na sequência de um relatório da Inspecção Geral das Actividades de Saúde (IGAS) que pede o encerramento do serviço por «não reunir as condições mínimas».

Em função deste relatório, divulgado quinta-feira pelo gabinete do ministro da Saúde, o autarca entende que foi «chamado a Lisboa para o ministro cumprir o que a inspecção recomenda».

Mas o presidente social-democrata, que há meses luta contra o encerramento do serviço já proposto pela Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências, adverte desde já para as consequências.

«O Ministro da Saúde terá de assumir perante a população, que irá tomar as medidas que entender para mostrar a sua frustração e terá a Câmara Municipal ao seu lado», afirmou.

A IGAS pede o encerramento da urgência do hospital de Peso da Régua na sequência de averiguações feitas à assistência prestada a um doente que veio a falecer, no dia 24 de Julho.

A inspecção concluiu que a assistência prestada foi «pronta e acessível dentro dos condicionalismos do referido serviço, o qual detendo esta designação, não dispõe nem de equipamentos, nem de recurso humanos indispensáveis em urgência/emergência».

A IGAS refere que «fica a dúvida de saber se o desfecho poderia ou não ser evitado, se o doente fosse enviado de imediato para a urgência polivalente» mais próxima, a de Vila Real.

Segundo a IGAS, «não existem razões para manter em funcionamento nocturno, sob a reputação enganadora de urgência hospitalar», aquilo que «é apenas um serviço de atendimento permanente (SAP) por não reunir as condições mínimas para o desempenho da sua missão».

«Não existindo um verdadeiro serviço de urgência mas apenas um SAP em ambiente hospitalar, sem capacidade de resposta para situações urgentes/emergentes e tendo a própria Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências proposto o seu encerramento, a IGAS conclui no mesmo sentido», conclui.

«Dizerem-nos que há deficiências, para nós não é novidade. Isso também nós sabemos», diz o presidente da Câmara da Régua, lembrando que o que sempre pediu «é que não encerrem este serviço, mas que instalem uma verdadeira urgência básica».

Na reorganização das urgências proposta pela Comissão Técnica, Peso da Régua não é contemplado com nenhum nível deste serviço, mas o autarca defende que se enquadra nos parâmetros definidos tecnicamente para uma urgência básica.

«Fizemos um estudo em que provamos isso mesmo», afirmou, acrescentando que se a urgência do hospital local encerrar, alguns utentes vão ficar «a mais de uma hora» do serviço mais próximo, em Vila Real.

Nuno Gonçalves alega que «50 mil utentes ficarão em piores condições de acesso a uma urgência e o Ministério não estará a cumprir a sua tarefa», já que para além da população de Peso da Régua, o hospital serve também concelhos vizinhos como Mesão Frio e Santa Marta de Penaguião.

Embora certo de que a decisão que o ministro da Saúde lhe irá transmitir hoje será contrária às suas pretensões, o autarca garantiu que irá «continuar a lutar até ao fim\" pela defesa do serviço já assumida pela Câmara, assembleia municipal e população».

Além de pedir o encerramento da urgência, a IGAS recomenda desde já que «os doentes recorram, directamente e sem perdas de tempo, à urgência adequada - básica, médico-cirúrgica ou polivalente - onde lhes possam ser prestados os cuidados adequados e de qualidade».

«Idêntico procedimento é recomendado às entidades responsáveis pelo transporte de doentes urgentes», acrescenta.



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Situação provisória

«Não reúne as condições mínimas»