Hoje, dia 23 de Dezembro de 2020, comemoraria mais um aniversário Nuno Lima Mayer Moreira. Para os Transmontanos o candidato a Deputado do CDS/PP em 2019, filho do Professor Adriano Moreira.
Para todos nós que tínhamos o privilégio de privar com o Nuno, um ser humano de excelência.
Escrevo estas humildes palavras porque merece ser recordado, por todos os motivos, sendo primordial o facto de ser um homem bom.
Quando em 2019 comunicou ao seu núcleo próximo, o convite da sua Presidente Assunção Cristas para encabeçar a lista por Bragança, para as eleições legislativas de 2019, dissemos em uníssono: aceita!
E aceitou com um orgulho imenso e aquele sorriso rasgado contagiante. Iniciou um périplo que iria encher de exaltação todos os que, desde o primeiro dia acreditaram no Nuno.
A sua primeira preocupação foi elaborar um plano, feliz partilhava opiniões, estabelecia directrizes e acima de tudo demonstrava um empenho enorme por poder servir Bragança, ajudar a almejar uma vida melhor. O Nuno não era um político de carreira, simplesmente acreditava que podia fazer de Bragança um lugar superno para os Bragantinos.
O Nuno tinha brio nas raízes, nas gentes, na terra. As suas ligações familiares mais antigas ao Distrito de Bragança remontam ao Século XVI, mais precisamente a Vinhais onde a família Lima, apesar de inquietada pela inquisição, conseguiu destacar-se.
Com um brilho no olhar o Nuno exaltou de felicidade quando o Director António Pereira o desafiou a escrever uma crónica no “Diário de Trás-Os-Montes”, e se assim foi melhor o fez, com a temática que lhe era tão querida: “As Santas Casas de Misericórdia”.
Formado em História e com uma pós-graduação em Cultura Portuguesa, mantinha-se sempre atento às tradições da sua terra, sempre fez questão de estar muito presente na cidade de Bragança que tanto amava, de Grijó repleta de recordações, de uma infância imensamente feliz.
Partilho com os leitores do jornal, uma brincadeira que tínhamos: sempre que pensava num novo tema para a sua crónica semanal ou outro assunto de campanha, desenvolvemos um código bem-humorado. Cada vez que atendia o telefone dizia – escuto! – para o Nuno esta era uma missão importantíssima, o compromisso de vencer umas eleições que se previam difíceis. Numa paródia inocente da célebre série “Alô, Alô” da BBC, que fez as delicias da nossa juventude com a frase: “listen very carefully i shall say this only once”.
Nos meses que antecederam as eleições legislativas, o Nuno e toda a família deram o seu melhor.
Desdobrava-se em reuniões, palmilhou milhares de kilómetros sempre com um sorriso, uma palavra amiga. Conseguiu que 2.831 Bragantinos acreditassem nas suas propostas, com 4,46% de votos sendo a 4ª força política. Todos nos orgulhámos do seu esforço e da sua solicitude.
Acreditava que “Um dia as notícias serão diferentes” no que concerne a infra-estruturas para doentes oncológicos na região, porque estava “Sempre ao lado da Vida” a “Cuidar também de quem cuida”. Dissertou sobre “Um Plano Regional de educação e o inverno demográfico”, defendeu “As nossas Aldeias um desígnio nacional” e
“A festa do Divino Senhor do Calvário em Grijó”.
Estes são alguns temas sobre os quais opinou no vosso jornal, um legado que escreveu com honradez, partilhado por centenas de pessoas.
Profundamente religioso, a sua fé era inabalável e acreditava no pensamento Democrata Cristão. Na semana passada discutíamos o Humanismo Personalista de Emmanuel Mounier, um filósofo que como o Nuno, partiu cedo demais.
Reconforta-nos que Deus, na sua incomensurável sabedoria leva os melhores para junto de si, talvez para uma tertúlia onde a sua gargalhada será ouvida por toda a morada celestial.
Soubemos pela sua estimada irmã Isabel Moreira que “morreu de repente, no meio de gargalhadas felizes”.
A amizade que dedicava a todos era genuína, pura, desmesurada. Tinha uma admiração enorme pelo Grupo Parlamentar que defendia estoicamente. Sempre que Cecília Meireles, Ana Rita Bessa, João Gonçalves Pereira, Telmo Correia e João Almeida precisavam estava presente, na defesa dos reais valores do CDS/PP.
Pelo Deputado Europeu Nuno Melo sentia, para além da amizade, um enorme respeito por todo o trabalho desenvolvido. O partido era um dos grandes amores da sua vida, somente ultrapassado pela família e pelo amor a Deus e às Artes.
Perdeu-se um pai dedicado, um marido apaixonado pela sua Sofia, um filho presente e carinhoso, um irmão companheiro, um verdadeiro e leal amigo.
Ainda estamos entorpecidos pela sua partida, a comoção tomou conta de todos que tiveram o privilégio de conhecer um homem íntegro, educado, trabalhador, honesto.
Eternamente nos nossos corações…hoje era o seu aniversário…seriam 48 anos a dar e a receber amor.
Sofia Peralta - Consultora de Comunicação
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...
(Fernando Pessoa)
As suas crónicas podem ser recordadas aqui no Diário de Trás-os-Montes no link abaixo
https://www.diariodetrasosmontes.com/cronista/523
Foto: António Pereira