A ausência de um pediatra em permanência na urgência do Hospital de Chaves durante a noite significa uma “resposta frágil” e que “não dignifica o papel do Serviço Nacional de Saúde”, disse hoje o presidente da Câmara.
“Tem sido uma questão colocada de forma perseverante à ministra da Saúde, de que é importante que se olhe de forma distinta para as unidades hospitalares que ficam situadas no interior”, realçou à Lusa Nuno Vaz, o autarca de Chaves, no distrito de Vila Real.
Para Nuno Vaz, a atual resposta da urgência pediátrica, que não tem médico em permanência entre as 20:00 e as 08:00, é “frágil e inadequada” e “não dignifica o papel do Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos territórios que não têm uma multiplicidade de resposta”.
O autarca socialista, que lidera o município desde 2017, lembrou que o problema da urgência pediátrica em Chaves “não é uma situação nova” e que já tem “mais de uma década”.
“Houve durante um período muito curto da anterior gestão do conselho de administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), há pouco mais de um ano, em que efetivamente foi possível assegurar uma resposta em presença física de um médico desde as 20:00 às 00:00, foi muito breve e voltou-se à solução antiga”, assinalou.
Nuno Vaz vincou ainda que não é “aceitável” que três dezenas de pediatras fiquem localizados em Vila Real, sede do CHTMAD, e que as unidades de Chaves ou Lamego “tenham apenas oito ou nove pediatras”.
O presidente da Câmara de Chaves espera numa primeira fase que se possa ter urgência pediátrica até às 00:00 e depois que se possam “encontrar melhores soluções”.
A urgência de pediatria do Hospital de Chaves está sem médico permanente durante a noite, entre as 20:00 e as 08:00, pelo menos desde o verão do ano passado, revelou quinta-feira à Lusa uma associação de pais do concelho.
Em comunicado enviado às redações, o CHTMAD explicou que são atendidas "em média cerca de 30-40 crianças por dia" na urgência pediátrica do Hospital de Chaves, "das quais cinco-seis são atendidas entre as 20:00 e as 08:00".
“No período compreendido entre as 20:00 e as 08:00, as crianças são observadas por médicos do Serviço de Urgência que, em caso de necessidade, chamam o pediatra que está de prevenção que, de imediato, se desloca ao hospital. Desta forma, está garantido o atendimento a todas as crianças, 24 horas por dia, sete dias por semana”, acrescenta a unidade hospitalar.
Além da preocupação com a urgência pediátrica, Nuno Vaz garante ter colocado exigências ao novo conselho de administração do CHTMAD, que tomou posse há pouco mais de dois meses, para o reforço da capacidade da urgência médico-cirúrgica também em áreas como cirurgia, medicina interna ou cardiologia.
“A exigência não é ter hospital central, mas que o centro hospitalar tenha coerência e garanta respostas robustas para as necessidades da população”, sublinhou.
Assim, é necessário que “um conjunto de especialidades médicas, no que diz respeito às consultas externas, tenham outra capacidade de resposta e sejam capazes de diminuir os tempos médios de resposta”.
“Ao mesmo tempo esperamos que se concretizem investimentos que teimam em não ser concretizados, como [obras] nos blocos operatórios, mas a necessidade de dar outra relevância à unidade hospitalar que tem um conjunto de espaços ociosos, sem nenhum destino, designadamente com a criação aqui de uma unidade de paliativos”, lembrou.
Ter serviços de saúde que inspirem confiança na população é fundamental e fator importante para a atração e fixação das pessoas nestes territórios, concluiu.