Os quadros do "Calendário" da Sé Catedral de Miranda do Douro, atribuídos a Pieter Balten, seguem para o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, onde serão expostos entre 30 de janeiro a 10 de maio, foi hoje anunciado.
"O Museu de Nacional de Arte Antiga (MNAA) convidou o Museu da Terra de Miranda para expor esta colocação, como obra europeia convidada. Para nós, mirandeses, é um motivo de satisfação e de orgulho, porque vem reforçar o valor artístico, cultural e histórico desta coleção de pintura, que durante séculos esteve no anonimato, e agora ganha relevância", disse à Lusa a diretora do Museu da Terra de Miranda (MTM), Celina Pinto.
O conjunto de 12 pinturas sobre madeira, datadas de 1580, foi atribuído pelo historiador português Vítor Serrão ao pintor flamengo Pieter Balten (Antuérpia, 1527-1584), contemporâneo de Pieter Bruegel, o Velho.
Esta obra foi exposta numa primeira fase no MTM, no passado mês de outubro, encontrando-se em Orense (Espanha), tendo já sido "vista por mais de 40 mil pessoas nos dois países".
Celina Pinto reitera que estes quadros "têm uma grande relevância artística".
Os quadros foram encomendados em Antuérpia, na Flandres (Bélgica), em 1580, pelo 5.º bispo da diocese de Miranda do Douro, Jerónimo de Meneses, sendo seu autor o pintor, gravador e ilustrador Pieter Balten, de acordo com a recente investigação do historiador de arte Vitor Serrão.
Pieter Balten encontra-se representado em coleções como a da National Gallery, em Washington, e do Metropolitan Museum, em Nova Iorque, e os registos da galeria belga De Jonckheere, especializada na pintura flamenga da Renascença, coloca-o a par de Pieter Bruegel, o Velho, na guilda dos mestres de Antuérpia, com quem terá trabalhado no tríptico da igreja de S. Rumbold, em Mechelen Malines, nesta região da Flandres.
Para os investigadores, o chamado "Calendário da Sé de Miranda do Douro" "é um verdadeiro tesouro que, quase milagrosamente, chegou íntegro aos nossos dias e num notável estado de conservação".
Balten foi pintor e gravador e um protagonista na afirmação da pintura flamenga do século XVI, com as suas cenas do quotidiano, à semelhança do seu contemporâneo Pieter Bruegel, o Velho, e dos seus sucessores, Jan e Pieter Bruguel, o Jovem, pintor do Ducado de Brabante, destacado também pela reprodução dos quadros de seu pai.
Além da exposição destes 12 quadros, que estavam longe do olhar do público, foi editado um catálogo para melhor se perceber este conjunto de obras.
Segundo a página do MNAA, a exposição será inaugurada às 18:00 de dia 30 na Galeria de Pintura Europeia e ficará patente até 10 de maio.
Esta iniciativa é promovida pela Direção Regional de Cultura do Norte, pelo MTM e pelo MNAA.