A trovoada, acompanhada de fortes descargas eléctricas, que se abateu sobre Chaves, durante cerca de 40 minutos, também no domingo, dizimou culturas inteiras em algumas aldeias. A vinha foi a mais afectada. Os agricultores falam em \"prejuízos incalculáveis\" e já pensam em organizar-se para pedir apoio ao Governo.

Na aldeia de Vilela Seca, onde 90% da população vive da venda de uvas, depois do susto com aquilo que o povo julga ser parecido com \"o fim do mundo\", ontem de manhã, reinava, sobretudo, desolação. De sachos nas mãos, a maioria das pessoas da aldeia passou a manhã a correr as propriedades e a ver os prejuízos. \"Valeu-me a pena andar a levantar-me às cinco da manhã, para trabalhar pela fresca, para agora ver tudo assim\", queixava-se, inconformada, Maria Antónia, de 60 anos, em frente a uma das vinhas destruídas.

\"Quando fui a Vale de Carvalha e olhei para a vinha, até me deu vontade de chorar. Virei-me para os pinheiros e só disse Valha-me Deus, está tudo repenicadinho\", desabafava, por sua vez, Armindo Martins, dizendo, repetidamente, que com 72 anos nunca viu \"uma coisa assim\". Alda Salgueiro não esquece, sobretudo, o susto. \"Gritei tanto que já nem tinha lágrimas\", recordou, ainda apavorada. \"As pedras (granizo) eram tantas, que até deitei as mãos à cabeça para ver se tinha sangue\", recordava José Gonçalves Martins, que \"apanhou com a trovoada toda\" para \"salvar as galinhas e o macho\".

Além da vinha, também as culturas hortícolas sofreram danos irreparáveis. A força da água, misturada com terra e pedras, fez, ainda, desmoronar vários muros.



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