O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) tem um projeto de cinco milhões de euros, o Valor Natural, para colocar no mercado aditivos naturais extraídos de plantas e frutos da região que apresenta como alternativa aos corantes e conservantes artificiais.
Dos cogumelos para reduzir o colesterol, à flor do castanheiro para conservar queijo, ou corantes a partir de fruta, como a cereja, mirtilo ou medronho, para colorir écharpes e outras peças de vestuário, os investigadores envolvidos no projeto já angariaram patentes e parceiros, nomeadamente empresas, apostados numa nova fileira económica.
"Nós temos aqui um conjunto de produtos na região que podem vir a servir como conservantes naturais, corantes naturais, que vai ser determinante no futuro", indicou o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, vincando que "não há de demorar muito tempo (para) que haja determinações europeias a proibir tudo aquilo que não seja corante natural, inclusive até no vestuário".
O responsável falava à margem da apresentação da Rede Nacional de Montanhas de Investigação, apresentada hoje, em Bragança, pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e que tem como pioneiras as serras de Montesinho, em Bragança, da Estrela, na Guarda, e Pico, nos Açores.
O Valor Natural encontra-se numa fase avançada, tendo sido já candidatado a fundos comunitários, e é um dos projetos enquadrados nesta rede que tem como propósito valorizar, através da investigação, os recursos naturais das zonas de montanha.
O Centro de Investigação de Montanha do IPB é o coordenador do projeto e o responsável pelo trabalho que já permitiu a catalogação completa dos diversos produtos da região e as propriedades de cada um desses produtos.
"De facto a nossa região tem aqui produtos que têm uma grande capacidade", garantiu o presidente do IPB, acrescentando que o objetivo "é que isto faça girar a economia", demonstrando que "é possível ser industrializado e é possível ser comercializado"
O Valor Natural é um projeto para cinco anos e tem, entre outros parceiros institucionais, 14 empresas de setores que vão da panificação, aos laticínios, vinhos ou o Centro Tecnológico do Calçado, como indicou Isabel Ferreira, investigadora e coordenadora do projeto.
A investigadora acredita que este projeto vai estimular "várias tipologias de empresas, desde produtores de cogumelos, de plantas que vão encontrar novas oportunidades de negócios para os seus produtos, até empresas que estejam interessadas em investir em equipamento dedicado à extração deste ingredientes".
"Identificamos uma lacuna que é a falta de empresas especializadas na otimização dos procedimentos de extração para obtermos estes ingredientes e foi, por isso, que fizemos a associação a outras unidades de investigação e que são especialistas no desenvolvimento de equipamentos que nos possam permitir extrair estes ingredientes a um nível industrial", contou.
Segundo a investigadora, "o mercado de ingredientes naturais, como são exemplos os aromas, conservantes, corantes ou ingredientes bioativos, é atualmente um dos mercados mais atraentes, o que se deve essencialmente à procura crescente do consumidor por produtos saudáveis não sintéticos e isentos de toxicidade".
O projeto Valor Natural propõe-se demonstra que " podem obter-se produtos finais com características diferenciadoras, com aplicação na produção de alimentos ou cosméticos funcionais, nutricosméticos, ou mesmo suplementos alimentares.
Lusa