O “Lago dos Caretos” estreia a 29 de março, em Vila Real, um espetáculo de música, dança e teatro que liga o universo dos bailados clássicos à cultura tradicional de Trás-os-Montes e Alto Douro.
O projeto é liderado pelo músico Luís Filipe Santos e foi vencedor do Prémio Douro Criativo, na categoria de "projetos ligados às indústrias criativas - a realizar".
O “Lago dos Caretos – a sagração da prima Vera” abre a 29 de março, em Vila Real, o Mercado Criativo, evento que conclui o projeto Douro Creative Hub, lançado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
“É um exercício musical que vai contar uma história original, onde vamos utilizar alguma iconografia da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, nomeadamente a figura dos caretos”, disse hoje à agência Lusa Luís Filipe Santos.
O espetáculo tem palco na etnografia transmontana, usa o careto como ponto de partida e junta a música, a dança e o teatro. Os caretos são mascarados típicos do Carnaval transmontano e duriense.
Conta a história da Vera, uma menina de uma aldeia, os seus sonhos e expectativas. “Conta no fundo a história de cada um de nós. Esse é o lado que poderá ligar de alguma forma com o público, cada um de nós poderá rever-se na figura da Vera”, explicou.
A peça é contemporânea, mas em palco notar-se-ão referências aos bailados clássicos, como o “Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky e “Sagração da primavera” de Stravinsky.
Há uma alusão também à música que tradicionalmente acompanha as festividades dos caretos, no nordeste transmontano, como o som das gaitas de foles, bombos e caixas.
O espetáculo tem música original, encomendada ao compositor Fábio Videira, e vai ser interpretado por Luís Filipe Santos (clarinete) e Nuno Silva (saxofone), pela bailarina Daniela Leite Castro e o ator Ángel Fragua, que é também o encenador.
Luís Filipe Santos referiu que o prémio Douro Criativo foi “uma mais valia” e “ajudou a dar visibilidade ao projeto”, no entanto, para ajudar a pagar as despesas de produção, foi lançada uma campanha de 'crowdfunding' (financiamento colaborativo) internacional, que vai decorrer até meados de abril.
O Mercado Criativo realiza-se entre 20 e 31 de março, no mercado municipal, onde serão realizados debates sobre arquitetura e artes visuais, 'showcooking', atividades para crianças, concertos, exposições e haverá um espaço para apresentação de empresas da área das indústrias criativas.
Será ainda apresentado um livro que reúne grande parte dos criativos dos 19 municípios do Douro e que resultou de um levantamento de agentes criativos a trabalhar neste território.
O Douro Creative Hub, cofinanciado pelo Norte 2020, foi lançado em 2017 e teve como objetivo "identificar, dinamizar, e promover as indústrias criativas da região do Douro".
Para além do mapeamento dos criativos, promoveu também o primeiro prémio de indústrias criativas com enfoque no interior norte de Portugal, um plano estratégico para a dinamização da economia cultural e um 'creative camp'.