Os autarcas da área de influência da Serra da Nogueira, no Distrito de Bragança, acusaram hoje o Governo de «falta de vontade política» para viabilizar a exploração do potencial eólico e de outras energias renováveis na região.
Há quase seis anos que as juntas de freguesia, câmaras e a empresa de energias renováveis PENOG trabalham no projecto de instalação do Parque Eólico da Nogueira.
Para o presidente da Câmara de Bragança, o social-democrata e porta-voz dos autarcas Jorge Nunes, \"é absolutamente inexplicável, não só do ponto de vista da região mas do interesse global do País, que o projecto ainda não tenha avançado.
Nunes garantiu hoje, no final de uma assembleia-geral da sociedade responsável pelo projecto, que já fizeram chegar sem êxito as suas preocupações por escrito ao primeiro-ministro, ministro da Economia e entidades do sector energético.
De acordo com os responsáveis, \"falta apenas que o Governo abra um concurso ou dê uma autorização directa para viabilizar o parque eólico\".
Apesar do potencial apontado por especialistas em termos de energias eólica, solar hídrica e biomassa, o Distrito de Bragança ainda não tem instalado qualquer projecto de dimensão de exploração destas energias, com a excepção da hídrica nas barragens.
O presidente da PENOG, Carlos Pimenta explicou que até há cerca de um ano havia um entrave técnico por falta de condições para transportar e fazer a ligação da energia à rede eléctrica nacional.
Segundo disse, \"já não existe qualquer obstáculo de ordem técnica depois de criada a sub-estação de Macedo de Cavaleiros\".
Aquela infra-estrutura permitiria avançar, numa fase inicial, segundo Carlos Pimenta, com um parque eólico para produção de 100 megawats de energia, porém o concurso aberto pelo Governo há cerca de um ano autorizou apenas 25 megawats e apenas para as zonas de Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Valpaços.
A sociedade proponente do Parque Eólico da Nogueira está disposta a construir uma linha de ligação à sub-estação de Macedo de Cavaleiros mas entende que o investimento só se justifica se for autorizada uma potencia de 100 megawats para avançar com o Parque.
\"Só depende de vontade política, a parte técnica que não existia passou a existir\", declarou, considerando \"inexplicável que o País continue a importar mais de 80 por cento da energia que consome, milhares de milhões de euros que vão para o estrangeiro todos os anos, quando o País é rico em energias renováveis\".
Os autarcas prometem continuar a \"fazer pressão\" junto do Governo para viabilizar o projecto que representará um investimento inicial de 150 milhões de euros e envolve as Câmaras de Bragança, Vinhais e Macedo de Cavaleiros e sete juntas de freguesia.
O presidente da Junta de Freguesia de Rebordãos, Adriano Rodrigues, lamenta os \"anos perdidos e os 250 a 300 mil euros de investimento que já podia ter sido feito na Freguesia\".
De acordo com as contas dos responsáveis, as freguesias vão dividir anualmente mais de 600 mil euros da produção energética e junto com os baldios terão direito também a outros receitas, nomeadamente as de rendas dos terrenos onde serão instaladas as torres eólicas.
A agência Lusa tentou obter uma reacção do Ministério da Economia, o que não foi possível até ao momento.