Um médico do concelho de Mogadouro, que foi presidente da Câmara, manifesta-se disponível para suprir uma das carências mais prementes nesta zona do Nordeste Transmontano mas não consegue convencer a sub-região de Saúde a deixá-lo trabalhar.

O caso está a provocar a indignação das entidades locais e da própria maioria PSD no concelho, para a qual o médico em causa, o socialista Francisco Pires, perdeu a presidência da autarquia nas últimas eleições autárquicas, em 2001.

O facto de se tratar de um ex-adversário político não impediu o PSD de ajudar a aprovar por unanimidade uma moção na assembleia municipal, da autoria do PS, a pedir esclarecimentos ao ministro da Saúde.

Os subscritores da moção querem saber por que razão existe um médico disponível, aposentado, que se disponibilizou há vários meses para trabalhar no concelho e que até à presente data ainda não conseguiu autorização.

O médico disponível, Francisco Pires, aposentou-se como presidente de Câmara, mas está disponível para regressar à sua profissão de médico a fim de ajudar a suprir as carências de clínicos gerais num concelho com seis médicos para atenderem cerca de 10 mil utentes.

A Agência Lusa não conseguiu contactar o ex-autarca socialista, mas os apoiantes da moção explicaram que Francisco Pires requereu à sub-região de Saúde que o aceitem em regime de prestação de serviços, que a lei prevê para a sua situação de aposentado, não podendo auferir mais do que um terço da reforma.

O requerimento foi indeferido e o médico está sem trabalhar, o que \"não se compreende\", na opinião do social democrata João Henriques, que preside à assembleia municipal de Mogadouro.

\"O concelho necessita de mais médicos, pois metade dos seis que se encontram ao serviço estão ocupados no Serviço de Atendimento Permanente (SAP), sendo as consultas são asseguradas pela outra metade\", afirmou.

Na moção aprovada no órgão autárquico a que João Henriques preside é reclamada do secretário de Estado adjunto do Ministro da Saúde, Adão Silva, natural de Bragança, o cumprimento da promessa não cumprida da colocação de mais dois médicos no centro de saúde até final do ano 2002.

Perante este cenário de carência, o presidente da concelhia do PS de Mogadouro, António Pinto, considerou que a recusa em aceitar a disponibilidade do médico socialista \"é seguramente uma questão política pelo facto de Francisco Pires ter sido autarca do PS e ser dirigente da concelhia\".

A moção aprovada por unanimidade na assembleia municipal reclama que a sub-região de Saúde esclareça se tem ou não intenção de contratar o médico disponível e, em caso negativo, quais os pressupostos que levam a tal decisão.

A Agência Lusa tentou contactar o coordenador da sub-região de saúde, António Manuel Subtil, o que não foi possível em tempo útil



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