Com 125 expositores e um investimento de 120 mil euros, a 18ª edição da Feira do Folar de Valpaços registou um retorno próximo do milhão e meio de euros durante os três dias em que recebeu quase 100 mil visitantes.

 

A "XVIII Feira do Folar - Produtos da Terra e seus Sabores" recebeu entre 80 a 100 mil pessoas nos dias 18, 19 e 20 de março. Nas palavras do presidente da Câmara Municipal de Valpaços (CMV), foi “a maior enchente de sempre no dia de domingo” e, “muito provavelmente, terá superado, no cômputo dos três dias, a melhor feira que se realizou o ano passado”.

“Não se consegue estacionar na cidade, portanto, não é só no recinto que se vê multidão, mas mesmo no exterior. Há pessoas de Lagos, do Algarve, Montijo, Seixal, é verdade que o público-alvo é o Grande Porto, Guimarães, Paços de Ferreira, Paredes, enfim, todo aquele público ali na área metropolitana do Porto” revelou Amílcar Almeida, entusiasmado, mas notoriamente cansado pelas horas de sono roubadas à cama nestes últimos dias em prol da organização da Feira do Folar.

“Todavia, ainda fico surpreendido quando nós conseguimos fazer chegar aqui tanta gente de diversos pontos do país. É porque, de fato, temos qualidade e a marca Valpaços é já hoje uma afirmação nos mercados e não me canso de promovê-la porque quero acreditar que este êxito, este sucesso dos nossos produtos certamente é uma forma de fixar os nossos jovens porque temos muito potencial, é só dar azo à imaginação porque qualidade nós temos”, declarou o edil, salientando que “vale a pena apostar”, dada a “excelência, a diversidade e a qualidade dos produtos” no concelho a que preside.

Para a concretização de uma feira com esta dimensão, a autarquia necessitou de investir uma quantia a rondar os 120 mil euros. Quanto ao retorno financeiro, aproxima-se do milhão e meio de euros. “Este certame constitui uma lufada de ar fresco para a economia do concelho de Valpaços. Diria que, hoje, foi o melhor domingo de sempre”, fez questão de repetir o edil, confessando, no entanto, que sábado houve “menos gente” que em edições anteriores, pese embora “o nível de volume de negócios não tivesse descido”.

Contudo, o balanço é “muitíssimo positivo". "Nós ontem (sábado) tivemos algum receio atendendo ao tempo que se fazia sentir, alguma chuva e frio, embora fosse uma surpresa para todos quando ao final do dia constatei junto de quem aqui participa que o volume de negócios não tinha sido inferior ao do ano passado. E temíamos que hoje estivesse, novamente, um dia chuvoso e com frio, mas não. São Pedro lembrou-se de nós e também quis vir à Feira degustar este maravilhoso folar”, brincou o edil, encantado com o intenso movimento gerado pelo certame.

Quanto ao número de expositores, houve um aumento de 25 por cento (%) em relação ao ano transato. “Tivemos 125 expositores e uma procura muito grande. Tanta que tivemos mesmo de colocar alguns stands no exterior. O que nos obriga a pensar na construção de um novo pavilhão que consiga dar guarida a todos aqueles que queiram participar”, disse o responsável ao Diário de Trás-os-Montes (DTM), que espera, já em 2017, que seja iniciada a construção do mesmo. O projeto do novo pavilhão com cozinhas integradas terá um custo superior a um milhão e meio de euros e, caso a candidatura seja aprovada, será comparticipado em 85% por fundos europeus.

 

Aumento exponencial do número de expositores na Feira do Folar leva a autarquia valpacense a lançar projeto para a construção de um novo pavilhão já em 2017. 

 

“Espero que o pavilhão possa dar maior amplitude e visibilidade à nossa feira e que possa, também, originar certames de outra índole como um na área da olivicultura, pois temos o segundo melhor azeite do mundo. E, também, na área do vinho e quem sabe, de outros produtos como o mel. Portanto, nós temos um concelho rico como nenhum outro no país, que consiga ter um naipe de produtos com a excelência que nós temos. É essa a nossa aposta”, asseverou o autarca ao DTM, referindo, em primeira-mão, uma série de novos projetos a realizar a curto-médio prazo.

E se o novo pavilhão se justifica pela crescente procura que tem havido de ano para ano em relação aos espaços para exposição, ao DTM, o autarca valpacense adiantou, ainda, que pretende “explorar o mercado da saudade”. “Queremos levar os nossos produtos até aos nossos emigrantes, de fato, é esse o nosso caminho, no qual estou a trabalhar em articulação com as nossas cooperativas no sentido de muito em breve podermos abrir lojas espalhadas por cidades europeias como Paris”, revelou Amílcar Almeida.

Durante o dia de domingo, o programa televisivo da SIC, Portugal em Festa, marcou presença em Valpaços levando a Feira do Folar aos quatro cantos do país e, inclusive, ao resto do mundo através da SIC Internacional. Numa outra tenda anexa, atuaram várias bandas do concelho como a Banda Musical de Carrazedo de Montenegro, a Banda Musical da Casa do Povo de Vilarandelo e Banda Municipal da cidade. Para além das bandas filarmónicas, dos grupos musicais como Republika e BBX, dos ranchos folclóricos e das concertinas, os visitantes puderam, ainda, usufruir da gastronomia regional servida numa tenda repleta de tabernas típicas.  

Entre os comerciantes, a opinião era unânime, sendo que a grande maioria vendeu o stock remanescente durante o último dia do certame. Foi o caso de Maria José Silva, de Vilarandelo, cuja banca estava repleta de bordados feitos pela própria, mas que não tencionava vender, pois serviam única e exclusivamente para decorar e atrair clientes. “Estou a vender fumeirinho para ganhar algum dinheiro. As vendas estão a correr muito bem… Já vendi tudo mesmo”, contou a comerciante de 58 anos, animada pela forma como correu o negócio.

Para além do folar, do fumeiro, do mel, do azeite, dos frutos secos e da doçaria, um dos principais setores da feira e da cidade continua a ser o vinho, representado no evento pela cooperativa de Valpaços. “Esta feira é um grande sucesso da região. Está a correr muito bem. Em termos de vendas está acima da média e, portanto, está de acordo com o que tem acontecido nos últimos anos. É a única feira da região que tem subido”, notou Arnaldo Varandas, cuja cooperativa a que preside está de parabéns. “Estou aqui a tentar ajudar esta gente que se dedica à cultura da vinha e que quer que a marca de vinhos de Valpaços cumpra uma missão que já cumpriu até aqui que são 60 anos e queremos continuar até chegar aos 100, 120 e por aí afora”, declarou o presidente da Cooperativa, Caves de Valpaços.

Com o intuito de obter uma perspetiva do público presente, o DTM entrevistou, na qualidade de visitante, o antigo chefe dos Correios de Valpaços, ex-vereador da autarquia, ex-deputado da assembleia municipal e ex-vice presidente da CMV. ”Desde que se iniciou, a feira tem crescido sempre e é muito boa para a região em termos económicos”, reconheceu Fernando Oliveira, que elogia o trabalho do atual presidente. “Gosto dele, é muito dinâmico e tem desenvolvido um trabalho meritório”, frisou, recordando que, na altura em que exercia o cargo de vereador, na década de 1980, o concelho de Valpaços tinha 31 mil pessoas, sendo que, atualmente tem, apenas, cerca de 15 mil habitantes. Uma realidade que o entristece e que, na sua opinião, não será fácil de inverter. Daí, também, aponta o agora reformado com mais de 40 anos de serviço, a importância de iniciativas como a Feira do Folar, pois para além de publicitar os produtos locais, é um “motor de desenvolvimento para a economia da região valpacense”.
 

 

Mais fotografias em: http://www.diariodetrasosmontes.com/fotogaleria/valpacos-capital-do-folar

 

 


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