Os gastos dos estudantes, sobretudo em alojamento, representam em média 80% do impacto económico direto dos institutos politécnicos nas regiões onde estão inseridos, de acordo com um estudo hoje divulgado pelo conselho coordenador destas instituições.

O Politécnico de Bragança é aquele que tem maior impacto no PIB da região onde se localiza. O politécnico transmontano gera perto de 65 milhões anuais.

Bragança é um caso mais paradigmático pelas percentagens muito elevadas de estudantes captados a outras regiões do país, mas também a outros países, sendo um dos maiores casos de sucesso na internacionalização, mas também uma das que se revela mais atrativa para os estudantes locais, fixando-os e potenciando o nível de atividade económica da região.

Mais de 61 milhões de euros por ano é quanto valem os estudantes do politécnico de Leiria para aquela região, de acordo com os dados do estudo ‘O impacto económico dos institutos superiores politécnicos em Portugal’, do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), que analisa os impactos diretos e indiretos da presença de 12 destes institutos nas regiões onde se inserem.

Este é o valor mais elevado entre os institutos analisados -  Beja, Bragança, Castelo Branco, Cávado e Ave, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Tomar, Viana do Castelo e Viseu – que se explica por Leiria ter o instituto com maior número de alunos e um dos valores de encargos mensais médios por estudantes mais alto: os 554 euros gastos em média pelos alunos de Leiria só são superados nesta amostra pelos 587 euros médios em Setúbal.

O impacto direto das instituições divide-se entre gastos dos docentes, dos funcionários, dos estudantes e da própria instituição, de onde se excluem salários, por exemplo, e se contabilizam apenas os gastos correntes em bens e serviços de empresas locais.

O peso do dinheiro gasto pelos alunos no impacto direto total varia entre os 70% no politécnico de Santarém e os 86% no politécnico de Viana do Castelo, segundo o estudo, que analisa dados de 2017.

Aos mais de 61 milhões de euros gastos pelos estudantes em Leiria, que regista o valor mais elevado, contrapõem-se os cerca de 7,8 milhões de euros do politécnico de Tomar.

Em termos absolutos, contabilizando as quatro variáveis, os valores de impacto direto variam entre cerca de 10 milhões de euros em Portalegre e 76 milhões de euros de Leiria.

Por aluno, e em termos gerais, o impacto direto estimado nas regiões é de 6.850 euros por cada estudante adicional, que se traduz num impacto total de 11.645 euros gerado por esse mesmo estudante.

Por cada estudante que se inscreve num politécnico público, a cidade que o acolhe sente um impacto directo de 6850 por ano. 

As contas são apresentadas num estudo encomendado pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), que foi divulgado esta quinta-feira. Os alunos são quem mais contribui para a actividade económica gerada pelos institutos superiores. O efeito positivo nas economias locais aumentou nos últimos cinco anos

Apesar de o estudo não discriminar as componentes dos gastos dos estudantes, Pedro Dominguinhos, presidente do CCISP, refere o alojamento como o principal custo, que em cidades como Lisboa e Porto, muito pressionadas pelo turismo, se tornou incomportável para os alunos, tendo motivado um plano de criação de residências universitárias públicas que, de forma faseada, pretende disponibilizar 12 mil camas nos próximos anos.

Se a reabilitação urbana que muitas regiões promoveram devido à presença dos estudantes foi um fator de dinamismo económico recente nessas localidades, este plano de residências públicas não é necessariamente uma má notícia para as economias locais, defendeu Pedro Dominguinhos em entrevista à Lusa, que entende que “a atração de estudantes” é sempre boa para essas economias.

Para o presidente do CCISP é preciso não esquecer outros fatores para a fixação de estudantes e que em muito se relacionam com as economias locais - como o preço dos transportes, a ligação das localidades aos politécnicos, o custo e qualidade da alimentação – que justificam a escolha destas instituições por parte dos alunos, não só dos que vivem nas regiões, mas atraindo outros de fora, o que deve ser conjugado com a qualidade do ensino e da investigação na instituição.

No que diz respeito aos gastos de docentes e não docentes, o estudo revela ainda que, incluindo os agregados familiares, os gastos dos docentes das 12 instituições variam entre os 1.500 e 1.900 euros mensais e os dos não docentes entre os 900 e os 1.500 euros mensais.

Foto: Antonio Pereira



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