O presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, João Gonçalves, admitiu hoje que o para-arranca no plano de mobilidade pode gerar descrédito junto das populações pelo que não se compromete com novas datas.

O regresso do comboio ao Tua com viagens turísticas e para as populações, assim como os passeios de barcos, tem sido anunciado e sucessivamente adiado de ano para ano e agora o presidente da agência, a responsável pelo projeto, promete apenas que estão “a trabalhar intensamente e de forma séria para que seja uma realidade no próximo verão”.

João Gonçalves não quer estar “a anunciar coisas e que depois possa aparecer mais um problema no processo”, que descreve como “complexo” e “com vários reveses”. E não quer, sobretudo, por receio de que a população deixe de acreditar no projeto que promete criar um novo nicho turístico em Trás-os-Montes.

“Eu, como presidente da Agência, assumo que tenho sido parco em palavras, mas por uma questão estratégica porque nós sabemos que este assunto é muito complexo e já dura há bastante tempo”, declarou à Lusa.

O último revés aconteceu recentemente com o operador turístico que vai explorar o vale, o empresário dos passeios de barco no Douro, Mário Ferreira, a recusar-se a fazer as obras que faltam na linha, depois de em fevereiro ter assinado um acordo nesse sentido, na presença do então ministro das Infraestruturas, Pedro Marques.

O presidente da Agência adiantou hoje que na semana passada chegaram a acordo com o operador e será a agência a fazer as obras que faltam executar, continuando o empresário a ser o detentor da exploração do vale.

O presidente da Agência não quis entrar em pormenores sobre o que levou o empresário a recuar no acordo.

A EDP já disponibilizou a maior parte dos cinco milhões de euros necessários para estas que são anunciadas como as últimas obras, à semelhança do que tem feito ao longo deste processo em que entregou, logo de início, 10 milhões de euros ao operador turístico para as intervenções iniciais na linha e aquisição do comboio e barcos.

O presidente da Agência pede “compreensão” à região e explica que “estão a dar passos, a preparar o processo para que se dê início às últimas obras necessárias para a desinterdição da linha” e que contemplam a instalação de sistemas de aviso de quedas de taludes.

O processo envolve várias entidades, desde a Infraestruturas de Portugal, à CP, ao Instituto de Mobilidade Terrestre, assim como a Agência, que é também uma contrapartida pela barragem, e da qual fazem parte a EDP e os municípios de Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Mirandela, Alijó e Murça.

João Gonçalves, que é também presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, afirmou que o processo está a ser preparado para que se possa lançar a empreitada lá para o outono e, se tudo correr bem, poderá haver “novidades importantes e favoráveis, em maio”.

“Mas é um processo complexo e que ainda falta dar outros passos igualmente importantes”, ressalvou.

O processo arrasta-se há 13 anos, desde que foi anunciada a construção da barragem de Foz Tua, entre os distritos de Bragança e Vila Real.

Antes mesmo de a barragem submergir quase 20 quilómetros dos cerca de 50 que restavam da linha do Tua, entre Mirandela e o Tua, uma sucessão de acidentes com quatro mortes levou à interdição da circulação ferroviária.

A hidroelétrica está pronta e a produzir energia, mas continua por cumprir a principal contrapartida, que era um plano de mobilidade turística e para as populações ribeirinhas do rio Tua, que inclui a reativação do troço ferroviário entre Mirandela e a Brunheda.

Uma das fases mais complexas do processo foi a repartição de responsabilidades, nomeadamente na manutenção da linha que envolve diversas entidades locais e regionais.



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