O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, elogiou hoje o acolhimento de Bragança aos 700 estudantes daquele país que estudam no instituto politécnico da cidade portuguesa, por alguns considerada a "11.ª ilha de Cabo Verde".
Em termo "estudantis", Ulisses Correia e Silva disse não ter dúvidas de que Bragança é a "11.ª ilha de Cabo Verde", seja porque a comunidade cabo-verdiana é a maior entre os mais de mil estudantes do politécnico de Bragança e porque o país é um dos homenageados hoje, dia em que a instituição de Ensino Superior transmontana comemorou 35 anos.
Para o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, os estudantes do seu país "estão bem inseridos, bem integrados".
"Sentem-se parte desta grande família de Bragança", acrescentou.
Falando à imprensa à margem da cerimónia, Ulisses Correia e Silva disse ter notado "algo muito importante e não passa despercebido".
"É a grande implicação da Academia, do instituto com a região e as pessoas, de facto, têm um orgulho especial de pertencer a esta região transmontana", salientou.
O chefe do Governo realçou que esta realidade "significa muito" para Cabo Verde "em termos de modelo de desenvolvimento equilibrado".
"Sente-se que aqui há de facto uma implicação regional muito forte na investigação, na Academia, no conhecimento e no apoio que as universidades podem dar no processo de desenvolvimento", continuou.
O primeiro-ministro de Cabo Verde desconhece as raízes da ligação dos estudantes cabo-verdianos a Bragança, mas notou que "há uma forte implicação também dos municípios neste protocolo, nesta parceria".
Nesse sentido, destacou a presença na cerimónia de "vários presidentes de câmara de Cabo Verde, que representam também os estudantes que vêm de cada um dos municípios".
"E o facto de ter uma boa integração, de ser uma cidade com baixo custo de vida comparado com Lisboa ou com Porto ou com Coimbra, de ter aqui uma cidade pequena, acolhedora, sentirem-se parte desta comunidade e ter uma escola de referência nos 'rankings' internacionais, acho que isso é motivação suficiente para termos estudantes aqui neste número e há muita procura, o que acho muito interessante", observou.
Ulisses Correia e Silva afirmou que está ultrapassada a polémica em torno da recusa de vistos aos estudantes cabo-verdianos e que "nunca houve problemas de relações entre países".
"Há regras. Estão estabelecidas muitas vezes para o geral. Por exemplo, há um princípio que estabelece que é preciso uma média de rendimento de 500 euros mensais para os estudantes virem para Portugal, mas aqui em Bragança 300 euros é o suficiente", exemplificou.
Segundo disse, "depois de se perceber que há especificidades nesta região, que o custo de vida é mais baixo, adaptou-se" e crê que "o problema dos vistos não se coloca hoje, os estudantes estão a vir e as relações com Portugal nesta matéria são excelentes".
O Conselho Geral do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) atribuiu, neste aniversário da instituição, a Cabo Verde a Medalha de Honra para individualidade internacional.
Para o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, a presença do primeiro-ministro de Cabo Verde "é também um reconhecimento e uma lição para o próprio país de como é que uma cidade como Bragança, do interior consegue ter esta projeção, esta expansão e este reconhecimento no próprio país"
"É sinal de que nós não só temos muitos estudantes, mas que eles aqui são estimados, acarinhados e fazem parte desta comunidade", afirmou.
O ministro do Ensino Superior português, Manuel Heitor, apontou o politécnico de Bragança como "um exemplo de inovação regional e da capacitação científica".
O dia de aniversário serviu também para o ministro da tutela realçar os novos desafios, "cada vez mais sempre em ligação ao território".
"E de facto o reconhecimento nacional e internacional de Bragança nesta área é hoje um facto cada vez mais credível e que tem hoje uma reputação para além de Portugal", considerou.