Vítor Nogueira acaba de ver publicado pela Averno, uma pequena mas conceituada editora de Lisboa, o seu quarto livro de poesia. O título é Comércio tradicional e, tal como acontecia com Senhor Gouveia, de 2006, é um conjunto de poemas inspirados na realidade quotidiana de Vila Real.

Mais propriamente, um conjunto de poemas centrados na extinta (e saudosa) Drogaria da Praça, lugar de tertúlia e convívio, por onde iam passando ao longo do dia várias figuras locais para dois dedos de conversa. Mas dizer isto é dizer pouco.

Porque a evocação dessas figuras nunca é gratuita ou estéril, antes permite ao poeta um ponto de partida para oportunas reflexões de natureza filosófica, embora disfarçadas por uma certa nonchalance e, muitas vezes, por uma enunciação próxima dum registo linguístico quase coloquial.

Comércio tradicional cumpre plenamente as promessas que se adivinhavam em Senhor Gouveia e Bagagem de Mão e é seguramente um dos melhores livros de poesia saídos em Portugal no ano de 2008.



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