Estradas cortadas, trânsito condicionado, escolas encerradas, árvores derrubadas, cortes de energia, queda de estruturas metálicas e despistes de viaturas marcaram o último dia do mês de fevereiro.

 

O maior nevão dos últimos anos em Trás-os-Montes provocou estragos na ordem dos milhares de euros, condicionou o trânsito em diversas cidades e cortou várias estradas no meio rural, mas, felizmente e apesar de alguns feridos ligeiros, sobretudo, devido a quedas, não causou vítimas mortais.

No distrito de Bragança, o peso massivo da neve fez com que as coberturas metálicas dos parques exteriores de estacionamento de duas superfícies comerciais cedessem, provocando estragos a doze viaturas que ficaram soterradas pela estrutura.

Em oito dos doze concelhos do distrito, as escolas estiveram encerradas, até porque no meio rural várias estradas permaneceram cortadas durante grande parte do dia de hoje. Para além das árvores derrubadas, várias sedes de concelho como Mogadouro e Carrazeda, entre outras localidades, sofreram com sucessivos cortes de energia.  

Na Autoestrada Transmontana, a A4, a acumulação de neve provocou longas filas de espera com alguns automobilistas a garantirem que estiveram retidos mais de cinco horas, retidos na ligação principal entre o interior e o litoral.

“Hoje, tivemos um dia particularmente difícil pelo facto de ter sido um nevão como há muito tempo não se via. Optámos e bem pelo não funcionamento das escolas, uma vez que não havia as mínimas condições para se poderem transportar os alunos devido à neve que se acumulou nas estradas de forma intensa”, declarou, ao final da tarde, o presidente da Câmara Municipal de Bragança, garantindo que foram espalhadas 40 toneladas de sal.

Em entrevista ao Diário de Trás-os-Montes, Hernâni Dias confirmou que foram realizadas “imensas intervenções” e reconheceu terem existido “momentos aflitivos”, durante os quais “foi necessário socorrer muita gente”. No entanto, o facto de se ter dado uma “resposta prioritária às artérias que dão acesso às principais vias dentro e fora da cidade e aos equipamentos de saúde”, transformou um cenário caótico onde a circulação automóvel era impraticável numa situação onde o trânsito, apesar de condicionado, foi possível, inclusive o transporte para as urgências ou centros de saúde.

O edil testemunhou ainda que, amanhã, a partir das 7 horas, as equipas e os meios do município estarão de volta ao terreno, a trabalhar “em bairros mais complicados, mais periféricos”, no sentido de “podermos resolver alguns problemas que, entretanto, não foram resolvidos”.

 

As autoridades afirmam que existem, ainda, alguns condicionamentos no que diz respeito à circulação em várias vias, mas "todas estão transitáveis", pedindo-se, no entanto prudência aos automobilistas.

 

Já em Vila Real, foram fechadas as escolas de sete concelhos do distrito. No concelho de Sabrosa, várias falhas no fornecimento de eletricidade e nas comunicações fizeram-se sentir ao longo de esta quarta-feira.

No total, o Centro Distrital de Operações de Socorro de Vila Real (CDOS) contabilizou 99 ocorrências entre terça-feira e hoje, dia 28 de fevereiro, que exigiram a mobilização de 291 operacionais e 111 veículos. A maior parte dos registos esteve relacionada com quedas de árvores (51), 39 limpezas de via relacionados com a neve, quatro salvamentos terrestres, três inundações e duas quedas de estruturas. Também na cidade de Chaves, uma estrutura metálica de uma fábrica cedeu devido ao peso da neve.

De acordo com a autarquia local, “todas as demoras na circulação automóvel foram devidas a dezenas de pequenos acidentes rodoviários e perdas de tração automóvel, normais nestas condições e impossíveis de evitar”, tendo a neve afetado “todas as localidades e todas as vias rodoviárias do concelho, incluindo as da cidade”.

De frisar, ainda, que no terreno estiveram aproximadamente 40 elementos dos corpos de bombeiros e 12 trabalhadores do município, com 24 viaturas e quatro limpa-neves, que percorreram 1700 quilómetros e espalharam, aproximadamente, duas toneladas de sal.

“Reforça-se que esta situação afetou todo o território, todos os cerca de 50.000 habitantes do concelho e os cerca de 1.000 quilómetros de vias rodoviárias, entre caminhos rurais, estradas municipais e arruamentos urbanos, sendo impossível acudir a todas as situações de emergência simultaneamente”, referiu a autarquia liderada por Rui Santos em comunicado.

 

Apesar da chuva se manter durante a noite, o aumento das temperaturas em Trás-os-Montes irá permitir amanhã, dia 1 de março, a reabertura das escolas e o trânsito não condicionado.

 

De acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera já esta madrugada e durante o dia de amanhã, 1 de março, é quase certo um possível desagravamento da situação com a chuva e o aumento das temperaturas a afastarem a formação de gelo e a queda de neve. Segundo as previsões oficiais, quinta-feira as temperaturas mínima e máxima subirão, não só no distrito de Bragança como, também, no distrito de Vila Real. 

 

Galeria Fotográficahttp://www.diariodetrasosmontes.com/fotogaleria/nevao-em-tras-os-montes

 



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