Realizou-se nos dias 26 e 27, no Arquivo Distrital de Vila Real, um seminário dedicado aos \"Lugares da memória da vinha e do vinho\" e aos \"Arquivos da vinha e do vinho do Douro\". Esta iniciativa teve lugar no âmbito do projecto \"Inventário do Arquivo Real Companhia Velha\", apresentado pelo Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (CEPESE) em 2000, ao abrigo do Programa Operacional Norte da Comissão de Coordenação da Região Norte.

Como explicou Fernando de Sousa, da organização, neste encontro \"deu-se conta dos fundos arquivísticos ligados ao Alto Douro e, simultaneamente, historiadores, geógrafos e arquivistas reflectiram sobre a preservação, tratamento, organização e divulgação de tais fundos, procurando receber ainda os contributos de experiências semelhantes associadas a outras regiões vitícolas\".

A importância da realização de seminários deste género é, na opinião de Fernando de Sousa, \"incontestável\". Isto porque, explicou, \"para além da importância que assumem enquanto espaços de debate da comunidade científica ligados a esta temática, têm como pano de fundo o trabalho que a equipa do CEPESE está a realizar, que é o da inventariação e recenseamento do excepcional arquivo da Real Companhia Geral da Agricultura e Vinhos do Alto Douro ou da Real Companhia Velha\". Fernando de Sousa avançou que esta inventariação deverá estar concluída até ao final do ano, de modo a que a sua publicação tenha lugar em 2003.

Conhecer a

história do Douro

Gaspar Martins Pereira, responsável pela instalação do Museu do Douro, discursou sobre \"As Quintas do Douro, Arquivo e Investigação Histórica\". O historiador defendeu que, sendo o Douro Património Mundial da Humanidade, \"é preciso conhecer a sua história, porque valorizar um território passa também por conhecê-lo\".

No entanto, apesar de, segundo Gaspar Pereira, o Douro ser \"uma das regiões vitícolas mais importantes do mundo\", ainda persistem, na sua opinião, \"muitas dúvidas em relação à sua história\".

Para delinear uma linha histórica, explicou Gaspar Pereira, \"é necessário que existam testemunhos históricos\". \"Chamei a atenção para a preservação desses testemunhos ligados à produção vitícola, porque são eles que nos dão conhecimentos sobre a quantidade e a qualidade do vinho produzido, a geografia do vinhedo, os investimentos feitos, as estratégias empresariais, os salários, os preços, todo um conjunto de conhecimentos que pode formar uma história da vinha e do vinho\", acrescentou o historiador.

Os proprietários de algumas quintas do Douro ainda detêm nas sua mãos documentação histórica que, segundo Gaspar Martins Pereira, \"deverá ser procurada, inventariada e poderá servir como instrumento de pesquisa que permita orientar os historiadores\". Mas para que isso aconteça, \"é importante que haja um envolvimento das diversas instituições, desde instituições públicas, responsáveis por arquivos, centros de investigação e até universidades, para abrir essa documentação à leitura pública\". E o Museu do Douro \"pode e deve ter aqui um papel importante, já que, pelas funções que lhe foram atribuídas, deve preservar, guardar e valorizar os arquivos das entidades reguladoras, sobretudo os arquivos da Companhia Geral de Agricultura do Alto Douro, entre outros\". No entanto, Gaspar Pereira sublinhou que esta documentação \"não deve, por princípio, sair das próprias quintas, a não ser que esteja em risco ou haja interesse por parte do proprietário\". \"Sou adepto de que as coisas fiquem no seu lugar\", concluiu Gaspar Pereira.



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