Oito bombeiros foram medalhados por resgate na serra do Alvão. Mas sucesso da acção deveu-se ao conhecimento de um pastor.

A Liga dos Bombeiros Portugueses atribuiu oito medalhas de serviços distintos de prata e ouro a oito elementos dos Bombeiros da Cruz Branca de Vila Real que resgataram, em Dezembro, dois militares perdidos na serra do Alvão. Mas quem os encontrou foi um pastor, que conhece cada trilho daquela serra com a palma das suas mãos.

«Não quero medalhas, fiz a minha obrigação, se hoje fosse necessário faria o mesmo», respondeu ao DN Sérgio Alves, pastor de 35 anos que na madrugada de 7 de Dezembro salvou a vida a dois militares que se encontravam no fundo de uma ravina, a uma profundidade de 350 metros.

Foi esta a reacção de Sérgio Alves, residente na aldeia de Varzigueto, quando o DN lhe anunciou que a Liga dos Bombeiros Portugueses medalhou oito elementos dos Bombeiros da Cruz Branca de Vila Real, que através da técnica de cordas de grande ângulo resgataram os militares do fundo da ravina nas Fisgas de Ermelo.

\"A atribuição das medalhas foi-nos proposta pela própria Associação Humanitária da Cruz Branca. Somos uma associação de bombeiros e não de cidadãos. Por isso a actuação do pastor extravasa o nosso âmbito\", explicou ao DN o vice-presidente da Liga, Paulo Ortênsio.

Apesar de reconhecer o mérito do pastor, o responsável lembra que também no local estavam bombeiros de uma corporação próxima que não foram medalhados. \"Atribuímos duas medalhas de ouro aos bombeiros que desceram até ao local onde se encontravam os militares. E seis de prata aos que ficaram na retaguarda, pelo acto que merecia grande complexidade técnica\", explicou.

Recorde-se que os dois militares, um tenente-coronel e um 1º sargento, comandavam um grupo de trinta elementos de Comandos do Centro da Serra da Carregueira. Estavam no local a traçar a carta geográfica do rio Olo quando se depararam com uma ravina.

Os dois instrutores, dado o grande caudal do rio, não conseguiram transpor o obstáculo. Com o cair da noite, acabaram por perder de vista os companheiros. Após buscas da GNR, pela meia-noite, um militar lembrou-se de recorrer a Sérgio Alves. \"Sou pastor há mais de 25 anos e conheço a serra como as minhas mãos\", disse ao DN. \"Não podia dizer que não, e com ajuda de uma lanterna encontrei-os, cerca das 2.00 , ao lado da queda das Fisgas de Ermelo\", recordou.

\"Ainda escorreguei pelas fragas muitas vezes mas não desisti\", disse o pastor. O tenente-coronel e o sargento estavam completamente perdidos entre o nevoeiro. Sérgio encontrou-os \"em muito mau estado, enregelados e abrigados na fenda de uma rocha\", descreveu. \"Fiquei admirado que numa missão em pleno Inverno as militares estivessem vestidos apenas com uma camisa de manga curta\".

O pastor esteve com eles até às 6.30, altura em que os Bombeiros iniciaram a operação de resgate. \"Fui eu que lhes atei as cordas para serem içados\", diz orgulhoso do acto que, a ser necessário, voltará a repetir.



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