Uma escultura trabalhada a partir de uma oliveira que secou, da autoria de Paulo Neves, vai estar em exposição entre 17 e 31 de agosto no polo de Vila Flor da Bienal Internacional de Arte Gaia 2021.
“Chamo-lhe interior do interior”, afirmou o escultor Paulo Neves à agência Lusa. A obra reflete o interior da oliveira e também o Interior do país.
É precisamente o trabalho criativo de esculpir a oliveira que se pode ver na fotografia de Ana Carinha que acompanha este texto.
“A oliveira é uma árvore que eu toda a vida admirei muito, gosto muito das oliveiras, gosto muito do fruto delas, das azeitonas, do azeite, e quando me foi feito este desafio para fazer um trabalho a partir de uma oliveira achei fantástico e tentei descobrir o que havia dentro dela, uma árvore que pode chegar a viver milhares de anos e sente-se que todos esses anos estão dentro dela. Foi isso que tentei mostrar”, salientou.
Paulo Neves nasceu em Cucujães, Oliveira de Azeméis, em 1959, e conta com 40 anos de trabalho como escultor.
A oliveira era de Vila Flor, lugar onde ficará a escultura, com aproximadamente 3,5 metros, em exposição a partir do dia 17 e até 31 de agosto.
Vila Flor, no distrito de Bragança, acolhe este ano um polo da Bienal Internacional de Arte Gaia.
Em exposição estão 83 peças de 22 artistas deste território e dois artistas convidados, num espaço onde ganham palco a pintura, a fotografia, o desenho e a escultura.
Em comunicado, a organização referiu que “intimamente ligada às raízes do azeite e das oliveiras do vale da Vilariça, a escultura ‘Interior’, da autoria de Paulo Neves, é uma consagração da aposta de Vila Flor na cultura e nas artes”.
Paulo Neves e o pintor Albuquerque Mendes foram os artistas homenageados na edição 2021 da Bienal Internacional de Arte Gaia.
Agostinho Santos, diretor da Bienal Internacional de Arte Gaia, afirmou que “a descentralização territorial tem sido uma orientação crescente nas edições da Bienal”, que começou em 2015.
À Lusa disse que a Bienal de Gaia quer "continuar a contribuir para a descentralização da arte e dar oportunidade aos artistas fora das grandes cidades”.
“Para além de procurarmos alargar a amplitude geográfica da Bienal de Causas somando novos polos em diferentes pontos do país, temos a preocupação em estabelecer relações articuladas com locais cuja estratégia artística e cultural é orientada para o debate e para o crescimento, como é o caso de Vila Flor”, salientou.
E, para o responsável, a escultura de Paulo Neves “é uma evidência desta articulação entre ideias e mensagens dos diferentes territórios da arte”.
Para além de Vila Nova de Gaia, a Bienal contou, nesta edição, com oito polos de exposição: Alfândega da Fé, Esposende, Funchal, Gondomar, Monção, Santa Marta de Penaguião, Viana do Castelo e Vila Flor.
Neste momento ainda decorrem os polos de Vila Flor, Funchal e Viana do Castelo.
Fotografia de Ana Carinha