O Nordeste Transmontano poderá aproximar-se nos próximos dias dos recordes históricos mais frios da região se as previsões de acentuada descida da temperatura se confirmaram.

A vaga de frio anunciada até depois de amanhã prevê que os termómetros cheguem aos dez graus negativos nas terras altas como Bragança, onde a temperatura mais baixa de que existe registo situou-se nos 12 graus abaixo de zero.

De acordo com dados oficiais, esse recorde foi registado em Janeiro de 1945 e, no mesmo mês de 1997, a região viveu uma situação idêntica, com os termómetros a marcarem 11,8 graus negativos e a ocorrência de um dos maiores nevões.

Estradas bloqueadas, desabamentos de estruturas na zona industrial de Bragança e de pavilhões desportivos foram a consequência do nevão que se prolongou por vários dias e deixou ainda retidos muitos que ali se deslocaram para a passagem de ano.

As temperaturas voltaram a descer subitamente em Dezembro de 2001, chegando aos onze graus abaixo de zero e repetindo cenários ainda vivos na memória dos mais antigos, como o congelamento do rio Sabor.

A meteorologia prevê um panorama idêntico para os próximos dias, embora o sol radioso e ameno de ontem torne difícil de acreditar em tal cenário.

Hospital em prevenção

As autoridades estão alerta, nomeadamente em relação à formação de gelo nas estradas da região e transmitindo os conselhos gerais da Protecção Civil a nível nacional.

O Conselho e Administração (CA) do Hospital Distrital de Bragança reuniu-se ontem com os serviços da Urgência e Medicina Interna para equacionar um conjunto de medidas a adoptar, em caso de necessidade.

Contacto pela Lusa, o presidente do CA, José Maria Cameirão escusou-se a adiantar as medidas, alegando que não pretende \"lançar alarmismo\". \"Em caso de necessidade estaremos preparados\", afirmou.
O presidente do CS admitiu que, desde o início do ano, esta unidade hospital está a enfrentar \"dificuldades\" devido à afluência às urgências, sobretudo de pessoas idosoa, com sintomas de gripe.

Segundo José Maria Cameirão, \"a estrutura do hospital não está preparada para estes aumentos na procura\", agravados com o encerramento do internamento em vários centros de saúde da região, o que obriga à transferência de doentes para esta unidade.

A situação do hospital da capital de distrito só será resolvida com as obras de ampliação e remodelação do edifício, que se encontram em fase de adjudicação.

Os \"picos\" nas urgências dos hospitais da região são habituais nesta altura do ano, consequência das temperaturas, muitas vezes abaixo de zero, como aconteceu nos primeiros dias de Janeiro, com os termómetros a marcarem cinco graus negativos às dez da manhã.

Especialista diz que a situação é normal

A situação é considerada \"perfeitamente normal\" pelo professor catedrático Dionísio Gonçalves, especialista em climatologia e presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), onde se encontra uma estação meteorológica. Segundo o especialista, as estações de medição das temperaturas do IPB já chegaram a registar 17,5 graus negativos na zona da \"Veiga de Gostei\", próximo de Bragança, tratando-se, porém, das chamadas variações, que em termos estatísticos não constituem a média oficial.

Situações excepcionais para os transmontanos são casos como o nevão histórico de 1956, que \"subterrou\" aldeias e o comboio que na altura ainda circulava na região.

Primeiro-ministro acompanha acções

O primeiro-ministro, Santana Lopes, está a \"acompanhar pessoalmente\" as acções em curso com vista a minorar os efeitos da vaga de frio que se prevê para os próximos dias, indica uma nota do gabinete do chefe de governo. A nota assinala que as acções em causa, que visam fundamentalmente a população mais idosa e carenciada, cobrem todo o território, são desenvolvidas pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, e concretizadas em articulação com o Instituto da Solidariedade e Segurança Social, governos civis, câmaras municipais e organizações não-governamentais.

Quanto aos apoios a disponibilizar, o comunicado do gabinete do primeiro-ministro indica apenas que \"terão em conta os vários tipos de necessidades que venham a ser detectados\".



PARTILHAR:

Não entende pânico dos agricultores por causa da seca

No Restaurante Portus Calle, dia 30