Os voos do Open Ibérico de Parapente partem todas as manhãs até domingo da serra do Larouco, entre Montalegre e Montecelo, em Espanha, caso de lá venham bons ventos.
Cerca de 80 pilotos de várias nacionalidades estão a pintar os céus de Montalegre em asas de várias cores, numa competição que voltou a Trás-os-Montes após alguns anos de interregno.
O Open Ibérico de Montalegre decorre até domingo em várias provas que testam a velocidade dos pilotos de parapente, num desporto em que percurso e meta são definidos apenas «uma hora ou uma hora e meia antes da partida» pelas condições meteorológicas, segundo Samuel Lopes, coordenador-geral da competição.
«Pode ser uma prova com 30, 70, 100 ou 200 quilómetros de extensão, tudo depende das condições meteorológicas do dia», diz à Lusa o coordenador das provas, que contam com a participação de Nuno Vergílio, principal candidato a campeão nacional, após ter alcançado o 9.º lugar no Europeu de Parapente em 2012.
«Nós temos condições diferentes a cada dia, portanto, temos que ajustar a tática e a nossa pilotagem às condições que existem», explica Nuno Vergílio, adiantando que se sente «motivado e num bom momento» para terminar a competição em primeiro lugar e sagrar-se campeão nacional.
A prática do parapente é, em grande medida, a arte de dominar as corrente térmicas ascendentes, pelo que é dos desportos com «maior componente de risco associada», nas palavras do candidato a campeão, que conta que já chegou a voar «horas a fio, por centenas de quilómetros» em voo livre.
«Se disser que não tenho medo, estou a mentir», admite o piloto.
«Conhecendo e sabendo que certas zonas podem ter mais turbulência ou que a atmosfera pode estar mais instável, há sempre o risco de acidente. Agora, tendo essa noção e minimizando os riscos, é claro que estamos a voar sempre em segurança», garantiu.
«Depois, há os outros pilotos», ressalva Nuno Vergílio, frisando que o parapente «é uma atividade exigente, nesse sentido», não só porque a quantidade de pilotos implica um cuidado especial na gestão do espaço aéreo, mas também porque se trata de um desporto «muito competitivo».
Para Sérgio Caldeira, 45 anos, antropólogo de formação e informático de profissão, o parapente permite «um dos voos mais gratificantes».
«Porque estamos a voar, literalmente, com as aves de rapina - os abutres, as águias, todas as aves que aproveitam as correntes térmicas que estão a formar-se aqui», explica à Lusa, apontando para a paisagem de Montalegre até Espanha e descrevendo as «bolhas de ar quente» que os parapentistas aproveitam para chegar «ao chamado teto, onde a temperatura dessa bolha fica igual à temperatura ambiente e, portanto, onde a [corrente] térmica morre.»
Os voos do Open Ibérico de Parapente partem todas as manhãs até domingo da serra do Larouco, entre Montalegre e Montecelo, em Espanha, caso de lá venham bons ventos.