O operador turístico que vai explorar a partir do verão a linha do Tua, em Trás-os-Montes, ficará também responsável pela manutenção da infraestrutura, adiantou hoje à Lusa fonte da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua.
A agência é a responsável local pela execução do Plano de Mobilidade Turística e Quotidiana aguardado há mais de dois anos como contrapartida pela construção da barragem do Tua e que, na sexta-feira, terá os desenvolvimentos que faltavam para ser concretizado com a assinatura dos contratos entre as partes e o arranque oficial das últimas obras para consolidação e segurança da ferrovia.
A Agência assinará com a empresa Mystic Tua de Mário Ferreira, o empresário dos passeios de barco no Douro, o protocolo que oficializa a concessão da exploração do Vale do Tua e que determina que o operador turístico fica responsável pela “gestão, exploração, conservação e manutenção” da infraestrutura.
Mário Ferreira já tinha recebido há mais de dois anos 10 milhões de euros da EDP para as primeiras intervenções já realizadas ao longo dos últimos 30 quilómetros que restam da centenária linha do Tua, entre a Brunheda (Carrazeda de Ansiães) e Mirandela.
A barragem de Foz Tua já em produção submergiu quase 20 quilómetros da linha com a condição de a EDP assegurar um novo plano de mobilidade para o Vale do Tua, que ficou definido como turístico e para responder às necessidades de mobilidade das populações ribeirinhas do Tua.
O operador já tem prontos e à espera de ordem para começarem a circular o comboio turístico que vai reativar a linha e barcos para passeios na nova albufeira.
O metro de Mirandela deixou de circular em dezembro de 2018 para as duas carruagens serem reabilitadas e entregues ao operador para assegurar a mobilidade das populações.
Os responsáveis locais já avançaram o mês de julho como a data para arrancar o plano e esperam nessa ocasião estarem já concluídas as últimas obras na linha que vão ser realizadas pela Mota Engil e arrancar oficialmente, na sexta-feira.
O ministro do Planeamento, Pedro Marques, irá visitar as obras a partir da estação de Mirandela e, antes participar, em Vila Flor, na cerimónia de assinatura dos protocolos que inclui também aditamentos aos acordos já realizados entre as diferentes partes envolvidas neste processo.
Segundo explicou à Lusa fonte da Agência, trata-se de aditamentos ao contrato inicial, celebrado em 2016, entre a EDP, a Agência e a Infraestruturas de Portugal (IP) a proprietária da linha, relativos a um reajustamento dos valores financeiros envolvidos, devido às novas obras que é necessário fazer.
Um dos contratos diz respeito justamente aos valores dos trabalhos que vão agora ser realizados e que inicialmente tinham um custo previsto de 2,7 milhões de euros.
Depois de realizados os estudos e testes de segurança verificou-se que havia necessidade de um investimento maior para consolidar e garantir a segurança da ferrovia, nomeadamente sistemas de prevenção e deteção e aviso de quedas e desmoronamentos.
Trata-se de obras de geotecnia com um orçamento até cinco milhões de euros, a maior parte dos quais disponibilizados pela EDP, concretamente 3,5 milhões de euros, e o restante distribuído pela IP, Agência e operador, segundo a fonte.
A Agência é constituída pelos cincos municípios da área de influência da barragem (Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Vila Flor e Murça) e pela EDP, e também resulta das compensações da barragem.A linha do Tua foi desativada, em quase toda a extensão, há mais de uma década depois de uma sucessão de acidentes ferroviários, com quatro mortes.
Com o novo plano de mobilidade, o comboio circulará em pouco mais de 30 quilómetros, com uma vertente turística e outra de transporte pública.
A CP garante uma verba anual de 600 mil euros para assegurar a mobilidade das populações, como já tinha avançado a Agência.
Quando o plano estiver no terreno, a mobilidade quotidiana será feita com transporte rodoviário onde não há linha, nomeadamente entre o Tua e a Brunheda, e com as antigas carruagens do metro de Mirandela no troço reativado, entre a Brunheda e Mirandela.
Foto: António Pereira