O presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos criticou hoje o atraso na contratação de um diretor clínico para o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), que está sem direção clínica desde 2022.

“Há largos meses que o CHTMAD não tem diretor clínico. Uma instituição sem diretor clínico é uma instituição muito debilitada. É uma instituição que não está, seguramente, a cumprir com a sua missão junto das pessoas porque tem imensas lacunas no exercício do dia a dia”, disse Eurico Castro Alves, em declarações à agência Lusa.

Para o presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos um atraso de “um mês ou dois” seria compreensível, mas este espaço de tempo mostra, do seu ponto de vista, “falta de cuidado”.

“Há uma falta de cuidado em nomear um diretor clínico. Compreende-se que num mês ou dois haja um atraso. Mas são largos meses já que está sem diretor clínico e começam a acumular-se problemas que vão chegando ao nosso conhecimento”, referiu.

O atual conselho de administração terminou o mandato já em dezembro de 2021 e, no início deste ano, a presidente do órgão, Rita Castanheira, pediu a renúncia do cargo que ocupa desde julho de 2019.

Desde agosto de 2022, que o CHTMAD está também sem direção clínica.

A 07 de março, contactado pela agência Lusa, o Ministério da Saúde confirmou a renúncia da presidente que se manterá em funções até 30 março. O ministério de Manuel Pizarro disse ainda que o “processo da nomeação da nova administração está a decorrer”, sem adiantar datas para o efeito.

A situação no CHTMAD, que agrega ainda os hospitais de Chaves e Lamego, está a causar preocupações entre os profissionais que ali trabalham, os utentes e partidos políticos.

Membro da Direção da Organização Regional de Vila Real do PCP (DORVIR) e eleito da CDU na Assembleia Municipal de Chaves, Manuel Cunha afirmou que há 15 meses que a administração “está em funções de gestão”, considerando que toda esta situação está a “paralisar” o centro hospitalar e questionando se “alguém que está há mais de um ano em gestão consegue olhar para o hospital com uma visão de futuro”.

Em conferência de imprensa a 06 de março, o dirigente comunista ironizou dizendo que “se está a descobrir que os hospitais nem precisam de um diretor clínico”, porque “este está a funcionar sem um há seis meses”.

Também a Ordem dos Médicos já se mostrou preocupada tendo, em novembro, emitido um comunicado em que classificou a ausência de um diretor clínico como uma “grave ameaça ao regular funcionamento” do CHTMAD.

Mais recentemente, na tomada de posse em fevereiro, o novo presidente do Conselho Sub-regional de Vila Real da Ordem dos Médicos, Fernando Salvador, considerou que o “conselho de administração tudo tem feito para manter a qualidade assistencial aos doentes, mas sem dúvida alguma que é muito importante existir um diretor clínico”, porque é “o representante máximo de todos os médicos no hospital” e há competências que lhe “são exclusivas”.

Em dezembro, a Assembleia Municipal de Vila Real aprovou uma moção a apelar à intervenção do ministro da Saúde para que, “no uso das suas competências e dentro da celeridade possível, nomeie ou faça nomear um diretor clínico e um elemento para a administração do CHTMAD”.

A moção foi apresentada pela bancada do PSD na Assembleia Municipal e foi aprovada por unanimidade pelos restantes partidos, PS, CDS-PP e Chega.

No documento considera-se que a falta de uma direção clínica é uma situação que se “perpetua além do aceitável e sem fim à vista” e refere-se também que o CHTMAD viu também o seu conselho de administração “ficar desfalcado, depois da demissão de mais um elemento”.



PARTILHAR:

Macedo de Cavaleiros reduz perdas de água de 81,5% para 56,9% em cinco anos

Sistema de trotinetes elétricas chega a Vila Real e quer cativar estudantes