Ana Lúcia Rodrigues, de 54 anos, e o seu esposo, de 62, viviam com um filho em São Gonçalo, no concelho de Santa Marta de Penaguião, numa casa que se encontrava dividida em quatro habitações, vivendo em cada uma três pessoas. Depois de almoçar, Ana Lúcia arrumou a louça e, juntamente com o seu neto de seis anos, foi para a rua esperar a filha, mãe da criança, que se encontrava no Centro de Saúde. A certa altura, uma vizinha alertou-a para o facto de estar a sair um fumo intenso de dentro da sua casa. "Quando lá cheguei, só já vi aquele fumo todo", explica emocionada. "Ainda tentei tirar uma botija de gás, mas já não deu tempo". Felizmente, àquela hora, não se encontrava ninguém em casa. No entanto, pouco tempo antes, o seu neto tinha-lhe dito que estava com sono e que se queria ir deitar, só que a avó, como que prevendo o que estaria para acontecer, fê-lo permanecer junto a ela, na rua. "Se ele tivesse ido deitar-se, morria lá sem que ninguém pudesse fazer alguma coisa", afirma Ana Lúcia.
A casa da família Rodrigues ficou completamente destruída, e os Bombeiros Voluntários de Santa Marta de Penaguião, que acorreram logo ao local, apenas conseguiram salvar a mesa da sala de jantar e um sofá. "Ficámos sem nada", lamenta Ana Lúcia, que espera agora que alguém a ajude, para ter de novo a sua casa. Esta família não tem um seguro que lhe cubra os bens perdidos, mas, segundo Ana Lúcia, a senhoria tem a casa segurada. As habitações contíguas, onde viviam mais três famílias - uma delas encontrava-se na Suíça na altura do incêndio - ficaram também muito danificadas, não só devido ao fogo como também à água que os bombeiros utilizaram para o combater.
Dois carros dos Bombeiros Voluntários de Santa Marta de Penaguião, dois da Régua, um de Fontes e 37 homens, combateram as chamas durante duas horas. As causas do incêndio ainda não foram apuradas, mas, segundo Alfredo Borges, comandante dos Bombeiros Voluntários de Santa Marta de Penaguião, este poderá ter tido origem num curto circuito. Inicialmente, os Bombeiros pensaram que poderia ter começado no fogão que, por descuido, teria ficado ligado, mas, segundo declarações da moradora da casa onde o incêndio deflagrou, este estava desligado e, portanto, o curto circuito é a causa mais provável. Contudo, os bombeiros têm já a certeza que o fogo deflagrou na pequena divisória utilizada como cozinha pois, segundo Alfredo Borges, era onde o fogo mostrava "mais intensidade" quando ali chegaram.
Ana Lúcia e o seu marido estão a dormir em casa de uma filha, mas esperam que alguém os ajude, visto não poderem permanecer por muito mais tempo em casa desta. O presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião já lhes fez uma visita e ofereceu-lhes uma casa, em Fontes, para ficarem provisoriamente, mas Ana Lúcia explica que não puderam aceitar, visto "ficar muito longe da minha família e, como o meu marido é muito doente e precisa constantemente de ajuda, temos que ficar junto deles".