O novo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) penaliza, na opinião das associações de criadores, as raças autóctones, ao diminuir os apoios à criação e manutenção das mesmas.

Albano Álvares, presidente da Associação de Criadores de Raça Barrosã não tem dúvidas sobre esta matéria. Na apresentação do PDR realizada esta semana em Vila Real, o responsável lembra que \"o actual apoio de 136 euros vai baixar para 85, o que é uma péssima notícia, e porventura significa a machadada final na raça barrosã\". Trata-se de um apoio anual por cada animal.

Também o presidente da Associação de Criadores da Raça Bovina Mirandesa, Fernando Sousa, se mostra apreensivo em relação ao futuro da raça e crítico do novo PDR. Aquele responsável lembra que \"os apoios existem porque as raças são pouco competitivas do ponto de vista económico e não ficaram mais competitivas nos últimos anos, antes pelo contrário. Portanto não se entende esta postura por parte do Ministério da Agricultura\", considera. Fernando Sousa acrescenta \"Estamos fartos deste logro. Todos os anos se criam expectativas aos agricultores e as condições são cada vez mais impraticáveis\". No caso da raça mirandesa, os apoios diminuem de 139 para 100 euros, enquanto na raça maronesa, a diferença é de 128 para 110 euros.

O dirigente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) Armando Carvalho estende as \"críticas à postura do governo no que toca a toda a agricultura familiar as raças autóctones são uma das faces mais visíveis da agricultura familiar. Este novo plano faz um bom diagnóstico da situação, mas depois é contraditório nas medidas\", afirma. Armando Carvalho lembra que \"todos os anos desaparecem 15 mil explorações agrícolas, porque todos se esquecem que a nossa estrutura fundiária é diferente da espanhola ou da francesas\".

O director Regional de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Douro discorda das críticas. Carlos Guerra aceita que \"nesta fase exista alguma apreensão, porque as coisas ainda estão a ser explicadas\", mas garante \"Os agricultores vão continuar a ter apoios e estão a esquecer-se das indemnizações complementares\". O mesmo responsável explica que Este PDR aposta claramente em áreas que vão permitir o rejuvenescimento e a sustentabilidade da agricultura, através da sua competitividade\", lembrando que \"o meio rural só será mantido com a criação de emprego e para criar emprego tem de haver empresas\".

Alqueva leva a parte de leão das dotações previstas

O Programa de Desenvolvimento Rural tem uma dotação total de 6791 milhões de euros, incluindo as componentes pública e privada.

O maior projecto deste plano é a conclusão do Empreendimento do Alqueva, que já tem uma dotação prevista de 12%, ou seja 532 milhões de euros.

Para os representantes do sector agrícola, \"este dinheiro destina-se a campos de golfe, pois o Alqueva tem uma componente turística. Logo o apoio devia ser no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional\", afirma Armando Carvalho. Por outro lado, o dirigente recorda que \"não há garantias de que os regadios do Baixo Mondego, Cova da Beira e Trás-os-Montes venham a ter apoios para a sua conclusão\".

Para demonstrar que \"os pequenos são marginalizados\", o director da Confederação Nacional da Agricultura apresenta as contas já feitas um produtor com um hectare podia receber no passado um apoio total de 454 euros. Agora só vai poder receber 320, menos 31%. \"Esta é que é a realidade e não vale a pena dizer o contrário\", assegura Armando Carvalho.



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