O mau tempo que afectou, no passado fim-de-semana, o distrito de Bragança fez com que a Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM) enviasse técnicos para o terreno com o objectivo de fazerem um levantamento dos prejuízos junto dos agricultores.
Rebordelo, no concelho de Vinhais, Vilas Boas, em Vila Flor e Torre Dona Chama, no concelho de Mirandela, são alguns dos exemplos onde o granizo e a chuva deixaram rastos de destruição.
Confrontado com a situação, o sub-director Regional de Agricultura de Trás-os-Montes, Francisco Neto, garantiu que \"já estão no terreno técnicos da DRATM para fazerem um levantamento geral da situação, do volume dos prejuízos e do número dos agricultores atingidos pela intempérie\".
Segundo o responsável, os sectores mais afectados foram a vinha e o olival \"porque caiu muita azeitona para o chão e a que ficou nas árvores ficou picada pelo granizo\", explicou.
Feito um balanço dos prejuízos, o relatório será entregue ao Governo \"que depois fará o devido uso do documento\", esclarece Francisco Neto, sem adiantar qualquer prazo para a resolução do problema dos agricultores.
Entretanto, dezenas de agricultores de Rebordelo, no concelho de Vinhais, concentraram-se anteontem na Adega Cooperativa do Rabaçal (ACR) para accionar o seguro de colheita.
Na madrugada de domingo, os agricultores viram as culturas serem destruídas por uma forte queda de granizo que, em apenas algumas horas, destruiu grande parte da produção de azeite, castanha e vinho.
Devido aos enormes prejuízos, os sócios acorreram em massa à Adega Cooperativa para accionarem o seguro que cobre, parcialmente, este tipo de prejuízos na vinha. O desespero e a concentração das pessoas no local ainda gerou alguma confusão, que depressa desapareceu, pois os responsáveis e funcionários da instituição prometeram atender toda a gente.
O presidente da ACR, Francisco Cunha, adianta que os prejuízos na agricultura rondam os 80 por cento. O sector mais afectado, contudo, foi a vinha, pois a intensidade do granizo cortou e danificou o fruto que iria ser colhido dentro de pouco tempo.
Sendo assim, o responsável acredita que, mesmo os produtores de vinho que possuem seguro de colheita, vão passar por algumas dificuldades financeiras.
A ACR tem cerca de setecentos associados distribuídos pelos concelhos de Vinhais, Mirandela e Valpaços. Todos eles estão abrangidos pelo seguro, coisa que não acontece com alguns dos viticultores que não pertencem à Cooperativa.
Quanto aos produtores de azeite e castanha, \"o Governo tem que ajudar estas pessoas que apenas vivem da agricultura e que agora ficam sem nada\", defende Francisco Cunha.
Apesar dos prejuízos, a produção deste ano da ACR não está em risco, \"porque há algumas zonas que foram mais atingidas do que outras\", explica Francisco Cunha.
Por sua vez, o presidente da Junta de Freguesia de Rebordelo, Francisco Baía, promete levar o caso ao Ministério da Agricultura \"porque só eles é que podem valer aos agricultores que ficaram com a produção destruída\", defende o autarca. Por isso, Francisco Baía espera, agora, pela visita dos técnicos da Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes, que se encarregarão de avaliar os prejuízos causados pela enxurrada, granizo e vento. \"Depois, esperemos que seja atribuído um subsídio aos lesados\", sugere o responsável.