A decisão do Governo de construir uma auto-estrada em Bragança está a causar um coro de protestos dos autarcas do Nordeste transmontano, pois consideram existir outras prioridades, mesmo num distrito onde as acessibilidades são a principal carência.
As manifestações de «mal-estar» surgiram, na segunda-feira, numa reunião que juntou, pela primeira vez, a quase totalidade dos presidentes de câmara da região, depois do anúncio feito pelo primeiro-ministro. No final do último Conselho de Ministros, Santana Lopes anunciou a decisão de construir duas novas auto-estradas, uma em Portalegre e outra que ligará a A4 (Porto/Amarante) a Bragança.
«Muito mais importante é de facto a construção do IC5», afirmou o presidente da Câmara de Alfândega da Fé, um dos concelhos do Sul do distrito, que aguarda, há quase 20 anos, pelo itinerário complementar que irá desencravar esta zona do Nordeste. O autarca social-democrata anunciou que este grupo de municípios vai «brevemente tomar uma posição conjunta sobre a matéria», escusando-se a avançar mais pormenores.
João Carlos Figueiredo fez questão de sublinhar que os 12 autarcas do distrito assumiram, há algum tempo, como prioridades o IC5 e o IP2 junto do Governo. Estes itinerários são fundamentais para resolver o problema das acessibilidades numa zona servida por estradas construídas há várias décadas.
O IP4 é a única via rápida que atravessa o Nordeste transmontano, mas é uma realidade distante para uma parte significativa da população. A capital de distrito fica quase tão distante a um habitante de Freixo de Espada à Cinta como o dobro dos quilómetros que é necessário fazer de Bragança ao Porto.
Esta é uma das razões por que o anúncio da auto-estrada é considerado «uma má notícia» por Edgar Gata, o autarca do município de Freixo de Espada à Cinta, que tem numa estrada construída há quase 50 anos a única ligação ao resto do mundo. «A auto-estrada não vai ao encontro das prioridades da maioria dos autarcas da região», frisou.