O presidente da Comissão Concelhia do CDS/PP, Firmino Cordeiro, salientou numa conferência subordinada ao tema \"Agricultura nacional no contexto europeu\" as \"dificuldades\" que o Governo português vai enfrentar durante o período de negociações da revisão da Política Agrícola Comum (PAC).

Tendo em conta a \"abusiva protecção relativamente aos produtos originários dos países do Norte da Europa\", nomeadamente o leite e a carne, Firmino Cordeiro teme que \"as negociações nos bastidores dêem algum sentido às preocupações existentes relativamente ao futuro de culturas como a vinha e o azeite do sul da Europa\". \"Mal de nós quando acabarem as quotas\", disse o dirigente, lembrando a entrada na União Europeia de mais 10 países, em Maio do próximo ano.

No entanto, Firmino Cordeiro considera que, \"apesar das dificuldades, os agricultores transmontanos não têm desistido de manter a actividade agrícola\". E deu como exemplo a Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, que, face às \"dificuldades de comercialização\" de alguns produtos agrícolas do concelho, decidiu ela própria tomar iniciativas na procura de mercados para os escoar. Nesse sentido, o dirigente questionou se no futuro essa responsabilidade não deveria caber aos autarcas.

Por sua vez, o deputado do PSD eleito pelo círculo de Vila Real, Nazaré Pereira, deixou \"palavras de preocupação, mas também de coragem\" quanto ao futuro da agricultura. Nazaré Pereira definiu a PAC como \"um instrumento que transformou um espaço deficiente de alimentação num espaço autónomo, na Europa do pós-guerra, conseguindo reduzir para cerca de 5 por cento o número de agricultores e aumentando simultaneamente a produção, a área de exploração e a produtividade por agricultor\". O deputado considera mesmo que, não obstante a Itália já fazer parte da Comunidade Europeia em 1986, \"só com a entrada de Portugal é que a Europa passou a olhar para os produtos do sul\".

No entanto, na sua perspectiva, \"devido às pressões que os consumidores hoje exercem, vai ser impossível os países europeus manterem as ajudas que hoje existem\". Por isso, \"são dados 10 anos aos países que vão entrar na União Europeia no próximo ano para atingirem os níveis europeus, crescendo 5 por cento ao ano\". Além disso, \"os consumidores esquecem-se do serviço milenar que os agricultores prestam na preservação do ambiente e no ordenamento do território\". Nazaré Pereira disse por fim que, não sendo \"optimista\" relativamente à PAC, era \"francamente pessimista\" se Portugal não estivesse integrado nela.

O deputado do CDS/PP Herculano Gonçalves, eleito por Santarém, concluiu através de uma sondagem que \"Portugal é o país que menos apoios recebe da PAC\", entendendo assim que \"é fácil de compreender o labirinto em que se encontra a agricultura portuguesa\". Na sua perspectiva, \"a actual PAC é injusta, mas a que propõe a revisão é muito mais\".

O director regional de Agricultura, Fernando Martins, que moderou o debate, defendeu que \"Trás-os-Montes é um nicho de produtos de qualidade a valorizar\". Fernando Martins desafiou os agricultores a \"usar a imaginação\" para valorizarem os seus produtos e concluiu lembrando que \"compete aos agricultores ensinar a consumir os produtos\".



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