A Fundação Curros Enríquez atribuiu, entre aplausos, o galardão "Celanova – Casa dos Poetas " ao padre Fontes, um homem que defende a cultura galega e que “ignora deliberadamente” a fronteira.
Os tributos sucedem-se ao padre Fontes, também do outro lado da fronteira. Desta feita, aconteceu no concelho de Celanova, província de Ourense, uma comunidade autónoma da Galiza. Um dos grandes e, talvez, o mais conhecido embaixador do concelho de Montalegre foi o primeiro português a receber este galardão, que vai já na 32ª edição. O prémio "Celanova – Casa dos poetas" entregue pela Fundação Curros Enríquez reconhece trajetórias históricas no campo da defesa da cultura galega em geral e da Galícia em particular. O júri decidiu por unanimidade reconhecer o trabalho do padre Fontes na divulgação, conhecimento e investigação da cultura da região do Barroso e de Trás-os-Montes.
O homenageado recebeu esta distinção com surpresa. “Fiquei admirado, mas muito feliz por saber que me colocam nos “cornos da lua”. Somos um só povo. A fronteira só existe no papel”, fez questão de frisar com a humanidade e humildade que lhe são conhecidas.
Na cerimónia, o vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre foi o responsável pela apresentação da vida e obra do padre Fontes, evidenciou que se trata de “uma pessoa imprescindível para o território”. “O seu contributo para a região é enorme, bem como o seu amor a barroso, sendo o seu verdadeiro embaixador”, testemunhou David Teixeira, citando “o notável exemplo aquando do convite para dar aulas na Universidade do Porto, ao qual respondeu: “A minha terra sem mim mingua e o Porto comigo não cresce!”, um dos lemas que deveria servir de referência às gerações mais novas de barrosões”, sustentou.
Também o presidente da Câmara de Celanova e líder da fundação Curros Enríquez, José Luís Ferro, quis deixar umas palavras de apreço ao galardoado, elogiando “a sua simplicidade humana, que faz com tudo pareça fácil de fazer”.
Chamado a entregar ao homenageado o diploma, o Secretário-geral para a Política Linguística na Galiza, revelou que sempre o “impressionou a ampla trajetória do padre Fontes em defesa da cultura e mundo rural”. “Este prémio recai num homem que é tão galego como português, pois ignora deliberadamente a existência de qualquer fronteira administrativa que queira estar acima das continuidades culturais e humanas que unem os dois lados da Raia”, certificou Valentín García Goméz, um admirador confesso do embaixador mais emblemático de Montalegre.
Presentes na cerimónia, estiveram, também, os artistas galegos Andrea Pousa e Enrique Dominguez Rodriguez, que impressionaram com uma atuação muito emocionada, a audiência e o homenageado.