A 37.ª edição do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, em Montalegre, arranca a 01 de setembro com uma homenagem ao padre António Fontes, o impulsionador do evento que cruzou o sagrado e o profano.

“É a figura maior deste congresso”, afirmou hoje à agência Lusa a presidente da Câmara de Montalegre, Fátima Fernandes, que anunciou que a edição de 2023 arranca com uma homenagem ao padre António Fontes, que lançou o evento em 1983.


Trata-se, frisou, de “um reconhecimento ao homem estudioso, ao etnógrafo e ao grande divulgador da cultura e identidade do Barroso”, região do norte do distrito de Vila Real.

António Lourenço Fontes, que desde março integra a rede de embaixadores da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso, lançou o congresso para “reforçar o valor da medicina popular e o poder das plantas para combater doenças”, mas foi a junção do sagrado e do profano protagonizado por um padre que chamou a atenção para a iniciativa.

O congresso que deu a conhecer ao país a aldeia de Vilar de Perdizes prolonga-se até ao dia 03 de setembro e, segundo afirmou Fátima Fernandes, este é um “evento âncora” para o concelho.

“É um projeto âncora porque, em primeiro lugar, é uma marca da nossa identidade, representa um aspeto muito ancestral daquilo que nós somos, a utilização das ervas para a medicina tradicional que praticamos durante muitos e muitos séculos”, afirmou a presidente da Câmara de Montalegre.

Mas é também, acrescentou, “importante para a afirmação do território” e “um marco” em termos económicos e sociais.

“À volta dos investigadores e estudiosos destas matérias existe também o folclore que é próprio neste evento, e uns e outros atraem muitas pessoas a Vilar de Perdizes, que aproveitam também para conhecer outras partes do concelho”, salientou a autarca.

Fátima Fernandes disse que, enquanto decorre o congresso, se verifica “uma afluência muito maior aos restaurantes e ao alojamento local”.

O presidente da Associação de Defesa do Património Vilar de Perdizes, Nuno Alves, acrescentou que esta é também uma oportunidade de negócio para os produtores locais de chás, licores, compotas, entre outros, que se encontram à venda no recinto.

O congresso junta cientistas e investigadores, curandeiros, bruxos, videntes, médiuns, astrólogos, tarólogos, massagistas, muitos curiosos e turistas.

“É sempre muito peculiar”, salientou Fátima Fernandes, que salientou que a iniciativa continua a marcar a agenda cultural” do concelho.

E é também, segundo Nuno Alves, uma “iniciativa para se manter devido à história e também ao impulso económico para a região”.

A organização disse, em comunicado, que este é um “evento imperdível para todos os entusiastas da saúde natural e terapias alternativas”.

“Será uma jornada emocionante na busca dos segredos da natureza, explorando conhecimentos tradicionais e alternativas sustentáveis para cuidar do corpo e da mente. Um exemplo notável, ao longo dos anos, de como é possível unir tradição e modernidade promovendo o diálogo entre diferentes formas de conhecimento”, frisou a Associação de Defesa do Património Vilar de Perdizes.

Decorrerá ainda uma prova da tradicional queimada, uma bebida feita à base de aguardente, limão, maçã, canela e açúcar, um momento protagonizado pelo padre Fontes.

A associação organiza o congresso em parceria com o município de Montalegre/Ecomuseu de Barroso e a União de Freguesias de Vilar de Perdizes e Meixide.

Fotografia: António Pereira

Programa https://www.cm-montalegre.pt/cmmontalegre/uploads/writer_file/document/4251/vilar_de_perdizes___37_o_congresso_de_medicina_popular__programa_.pdf




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