Padres da diocese de Vila Real estão a desenvolver o projeto "Passa a bola -- passa o amor" que consiste em irem às escolas jogar futsal com os jovens para desmistificarem a vida do sacerdote e despertarem vocações.
"Queremos divulgar os padres campeões europeus e campeões nacionais de futsal e mostrar aos meninos nas escolas a vida de sacerdote através do desporto, através do 'Passa a bola, passa o amor', o amor que é Deus", afirmou hoje Ivo Coelho, 35 anos e pároco em cinco aldeias de Valpaços.
Na Escola EB 2/3 de Santa Marta de Penaguião, a equipa de futsal de padres de Vila Real, atual campeã nacional de futsal na Cléricus Cup e onde jogam alguns campeões europeus, desafiou os jovens para uma partida que acabou empatada 5-5.
Os sacerdotes de Vila Real assumiram o desafio lançado pelo papa Francisco, que convocou um ano missionário voltado para os jovens.
Ricardo Machado, 35 anos e padre em cinco paróquias de Alijó e Murça, reconheceu que os jovens estão um pouco afastados da igreja e que há poucos seminaristas.
Por isso, explicou, esta iniciativa visa "despertar vocações" e mostrar que os padres "são pessoas próximas, com quem se pode jogar futebol e conversar".
Ricardo Machado referiu que o desporto representa um papel importante na vida deste grupo de 15 sacerdotes, que conjugam as paróquias com várias outras tarefas e todas as semanas se juntam, às quintas-feiras, para jogar.
"O futebol é a cola disso tudo. Nesse dia estamos juntos, convivemos, desabafamos, partilhamos experiências", salientou.
Os jogos são levados a sério pelos sacerdotes. "Perder não, até porque é uma cultura de responsabilidade e de entreajuda. Um jogador sozinho não consegue fazer nada, tem de ser em conjunto e nós, através do desporto, queremos passar essa mensagem de que somos todos importantes", frisou Ricardo Machado.
Ivo Coelho acrescentou que o projeto visa também desmistificar a imagem dos sacerdotes. "Os padres não são todos de idade, não são todos barrigudos, somos jovens, convivemos, temos o nosso dia a dia, o nosso lazer e também jogamos futebol como eles e com eles", frisou.
No final do jogo, Bernardo Pereira de 14 anos disse que foi "muito bom" jogar contra os padres. "Eles jogam bem, estiveram a ganhar, nós empatamos. O público foi demais. Mas foi muito difícil, eles jogam bem, são maiores do que nós, têm mais físico, mas foi um bom jogo", salientou.
Este estudante marcou um golo, mas referiu que os jovens têm muito a aprender com os padres.
Rafael Borges, também de 14 anos, gostou da experiência e reconheceu estar muito cansado no final do jogo.
"Eles correm muito e jogam muito bem, nós também jogamos bem e é uma experiência para repetir", frisou.
O objetivo é levar o projeto às escolas aderentes da diocese de Vila Real e, depois dos jogos, os sacerdotes realizam 'workshops' ou mesas redondas sobre temas escolhidos pelos jovens.
Os sacerdotes querem partilhar as suas experiências nas paróquias, alguns a desdobrarem-se por várias e a fazerem muitos quilómetros, falar sobre o trabalho desenvolvido nas instituições particulares de solidariedade social que dirigem ou os projetos que abraçam como a música, o cinema, escutismo e o mundo virtual.
Rosa Cardoso, diretora do agrupamento de escolas de Santa Marta de Penaguião, elogiou a iniciativa, considerando que se tratou de um "momento diferente, um intercâmbio entre adultos e os estudantes".
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